Banner Portal
Elementos para a investigação da semântica do clítico SE no português brasileiro
PDF

Palavras-chave

Clítico se. Conceitualização de eventos. Infinitivo

Como Citar

NEGRÃO, Esmeralda Vailati; VIOTTI, Evani. Elementos para a investigação da semântica do clítico SE no português brasileiro. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 57, n. 1, p. 41–60, 2015. DOI: 10.20396/cel.v57i1.8641471. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8641471. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

Este artigo tem como objetivo trazer uma contribuição para as discussões relativas à eventual tendência do português brasileiro à perda do clítico se em alguns contextos, e ao aumento de seu uso, em outros. De maneira geral, os estudos sobre o assunto concentram sua atenção nos aspectos morfossintáticos relacionados à presença ou à ausência do clítico. Nossa intenção é mostrar que existem também fatores semânticos envolvidos no uso versus não-uso do se que dizem respeito à conceitualização dos eventos que estão sendo codificados linguisticamente. A presença do clítico parece sempre envolver a conceitualização de uma causa indutora do evento, por mais indeterminada que seja. Sendo assim, o aumento da frequência de não-uso do clítico em contextos em que ele seria esperado implica uma preferência semântica do português brasileiro por conceitualizar certos eventos sem sua causa indutora. Por outro lado, o aumento do uso do clítico junto a verbos no infinitivo, contexto em que a presença de se não seria esperada, sugere que a codificação da força indutora do evento serve para acentuar as características propriamente verbais do infinitivo que, de outra maneira, estaria mais próximo de uma forma nominal.

https://doi.org/10.20396/cel.v57i1.8641471
PDF

Referências

BURZIO, L. (1986 ). Italian Syntax: a Government-Binding approach. Dordrecht: D. Reidel Publishing Company, 468p.

CANAVER, F. (2012). Evidências para um modelo baseado no uso: o infinitivo flexionado no português brasileiro. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 148p.

CAVALCANTE, S. R. O. (2006). O uso de se com infinitivo na história do português: do português clássico ao português europeu e brasileiro modernos. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 206p.

CAVALCANTE, S. R. O. (2010). O uso de se com infinitivo do português clássico ao português europeu e brasileiro modernos. Estudos da Lingua(gem), Vitória da Conquista, v. 8, n.1, p.55-82.

CHAGAS DE SOUZA, P. (2000). A alternância causativa no português do Brasil: defaults num léxico gerativo. Tese (Doutorado em Linguística) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo.

CINQUE, G. (1988). On Si constructions and the Theory of Arb. Linguistic Inquiry, Cambridge, v. 19, n.4, p.521-581.

DOBROVIE-SORIN, C. (2005). The SE-Anaphor and its Role in Argument Realization. In: EVERAERT, M.; VAN RIEMSDIJK, H. (Eds.). The Blackwell Companion to Syntax. Oxford: Wiley-Blackwell, v. IV, p. 118-179.

DUARTE, M. E. L. (1995). A perda do Princípio ‘Evite Pronome’ no Português Brasileiro. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

GALVES, C. M. C. (2001). Ensaios sobre as gramáticas do português. Campinas: Ed. Da UNICAMP, 280p.

GIVÓN, T. (1991). Isomorphism in the grammatical code: cognitive and biological considerations. Studies in Language, Amsterdam, v. 15, n.1, p.85-114.

HAIMAN, J. (1980). The iconicity of grammar: isomorphism and motivation. Language, Washington, v. 56, n.4, p.515-540.

HASPELMATH, M. (1993). More on the typology of inchoative/causative verb alternations. In: COMRIE, B.; POLINSKY, M. (Eds). Causatives and transitivity. Amsterdam: John Benjamins, p. 87-111.

KEMMER, S. (1993). The middle voice. Amsterdam: John Benjamins, 299p.

LANGACKER, R. W. (1991). Foundations of Cognitive Grammar: descriptive applications. Stanford: Stanford University Press, 589p.

MALDONADO, R. (2006). A media voz: problemas conceptuales del clítico se. México: Universidad Nacional Autônoma, p. 480.

NARO, A. J. (1976). The genesis of reflexive impersonal in Portuguese. Language, Washington, v. 52, n.4, p.779-810.

NEGRÃO, E. V.; VIOTTI, E. (2008). Estratégias de impessoalização no português brasileiro. In: FIORIN, J.F.; PETTER, M.M.T. (Orgs.). África no Brasil: a formação da língua portuguesa. São Paulo: Contexto, p.179-203.

NEGRÃO, E. V.; VIOTTI, E. (2010). A estrutura sintática das sentenças absolutas no português brasileiro. Linguística, Santiago, v. 23, p. 61-82.

NEGRÃO, E. V.; VIOTTI, E. (2014). Contato entre quimbundo e português clássico: impactos na gramática de impessoalização do português brasileiro e angolano. Linguística, Santiago, v. 30, n.2, p. 289-330.

PERLMUTTER, P. M. (1978). Impersonal passives and the unaccusative hypothesis. Proceedings of the 4th Annual Meeting of the Berkeley Linguistics Society, p. 157-190.

REINHART, T.; SILONI, T. (2004). Against the unaccusative analysis of reflexives. In: ALEXIADOU, A. et al. (Eds). The unaccusativity puzzle: explorations of the Syntax-Lexicon interface. Oxford: Oxford University Press, p.159-180.

O periódico Cadernos de Estudos Linguísticos utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.