Banner Portal
Sentenças panquecas não têm artigos definidos em português brasileiro
PDF

Palavras-chave

Sentenças panquecas
Português brasileiro
Artigo definido

Como Citar

DE CONTO, Luana; CARVALHO, Janayna Maria da Rocha. Sentenças panquecas não têm artigos definidos em português brasileiro. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 64, n. 00, p. e022013, 2022. DOI: 10.20396/cel.v64i00.8665010. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8665010. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

Neste texto, discutimos um aspecto da caracterização dos nominais em posição de sujeito de sentenças panquecas em português brasileiro. Descritivamente, sentenças panquecas têm duas características centrais nessa língua: (i) um nome na posição de sujeito, com uma estrutura menor do que um DP, recebe uma interpretação de situação; (ii) o predicado não concorda morfologicamente com esse sujeito. Um exemplo disso é a sentença Panqueca é bom. Estudos recentes (SIQUEIRA, 2017, SIQUEIRA; SIBALDO e SEDRINS, 2020) defendem que sentenças panquecas podem ter artigos definidos, como em A panqueca é bom. Mostramos que sentenças como A panqueca é bom são, na verdade, casos de elipse de parte do VP. Elas só são gramaticais caso tenham identidade com o antecedente e não são possíveis caso o antecedente seja só pragmático, isto é, caso o antecedente não tenha material linguístico. Em contraposição, sentenças panquecas, tais como tradicionalmente descritas, são possíveis em casos de antecedente pragmático e possuem, portanto, anáforas profundas em sua constituição. Quando os dois tipos sentenciais são examinados à luz da classificação em termos de anáfora superficial e anáfora profunda, evidencia-se que sentenças panquecas exemplificadas por Panqueca é bom têm uma constituição diferente de sentenças com elipses verbais, como A panqueca é bom. Dessa forma, mostramos que só a primeira se configura como uma verdadeira sentença panqueca.

https://doi.org/10.20396/cel.v64i00.8665010
PDF

Referências

ADLI, A. Gradedness and consistency in grammaticality judgments. In: KEPSER, S.; REIS, M. (Org.). Linguistic evidence: empirical, theoretical and computational perspectives. Berlim: Walter de Gruyter, 2005. p. 7-25.

BOTT, O.; FEATHERSTON, S.; RADÓ, J.; STOLTERFOHT, B. The application of experimental methods in semantics. In: HEUSINGER, K.; MAIENBORN, C.; PORTNER, P. (Eds.). Semantics: Foundations, History and Methods. Berlin, Boston: De Gruyter Mouton, 2019. p 387-408.

CARVALHO, D. Concordância fracassada é, na verdade, relativização de traços. In: PILATI, E. (Org.). Temas em teoria gerativa: homenagem a Lucia Lobato. Curitiba: Blanche, 2016. p. 99-126.

CYRINO, S.; MATOS, G. Anáfora do complemento nulo: anáfora profunda ou de superfície? Evidência do PB e PE. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 41, n.1, p. 121-141, 2006.

DE CONTO, L. Situation reading in copulas with agreement mismatch: a derivational problem. Caderno de Squibs: Temas em estudos formais da linguagem, v. 2, p. 31-40, 2016.

DE CONTO, L. Interpretação de sentenças copulares com aparente falta de concordância: uma análise através de concordância de gênero semântico. Revista da ABRALIN, v. 15, p. 161-193, 2016.

DE CONTO, L. Tese é complicado: a leitura de situação em sentenças copulares com concordância não marcada. 2018. 110 p. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2018.

DUEK, K. Bare nouns and gender agreement in Brazilian Portuguese. Paper presented at the 48th Annual Meeting of the Chicago Linguistics Society (CLS 48), University of Chicago. 2012.

ENGER, H. O. Scandinavian pancake sentences as semantic agreement. Journal of Linguistics, v. 27, n. 1, p. 5-34, 2004.

FAARLUND, J. T. Embedded clause reduction and Scandinavian gender agreement. Journal of Linguistics. v. 13, n. 2, p. 239-257, 1977.

FOLTRAN, M.; RODRIGUES, P. On Denoting Abstract Entities. Revista da ABRALIN, v. 12, n. 1, p. 269-291, 2013.

GREENBERG, Yael. Predication and equation in Hebrew (nonpseudocleft) copular sentences. In: ARMON-LOTEM, S.; DANON, G., ROTHSTEIN, S. (Eds.) Current issues in generative Hebrew linguistics. Amsterdam: John Benjamins, 2008. p. 161-196.

HANKAMER, J.; SAG, I. Deep and surface anaphora. Linguistic Inquiry, v. 7, n. 3, p. 391-428, 1976.

JOSEFSSON, G. Peas and Pancakes: on apparent disagreement and (null) light verbs in Swedish. Nordic Journal of Linguistics. v. 32, n.1, p. 35-72, 2009.

JOSEFSSON, G. Pancake sentences and the semanticization of formal gender in Mainland Scandinavian. Language Sciences. v. 43. p. 62–76, 2014.

KRIFKA, M.; PELLETIER, F.J.; CARLSON, G.; TER MEULEN, A.; CHIERCHIA, G.; LINK, G. Genericity: an introduction. In: KARLSON, G.; PELLETIER, F.J. (Eds.) The Generic Book. Chicago: The University of Chicago Press, 1995. p. 1-124.

MARTIN, F.; CARVALHO, J; ALEXIADOU, A. Predicates of personal taste and pancake sentences in Brazilian Portuguese and French. In: IHSANE, Tabea (Ed.). Disentangling bare nouns and nominals introduced by a partitive article. Leiden: Brill, 2020. p. 140-186.

MATTHEWSON, L. 13 Methods in cross-linguistic semantics. In: HEUSINGER, K.; MAIENBORN, C.; PORTNER, P. (eds.). Semantics: Foundations, History and Methods. Berlin, Boston: De Gruyter Mouton, 2019. p. 340-361.

MEZARI, M. A estrutura sintático-semântica do singular nu: o que a morfologia indica? 2013. 122 p. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.

PEREIRA, B. Gênero em sentenças copulares no PB: da “discordância” entre sujeito e predicativo para a concordância entre adjetivo e silent noun. Caderno de Squibs: Temas em estudos formais da linguagem, [S. l.], v. 6, n. 2, p. 66–90, 2021. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/cs/article/view/33957. Acesso em: 25 nov. 2021.

RODRIGUES, P.; FOLTRAN, M. Concordância em construções copulares do português brasileiro. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), v. 43, n. 1, p. 477-488, 2014.

RODRIGUES, P.; FOLTRAN, M. Small Nominals in Brazilian Portuguese Copular Constructions. Journal of Portuguese Linguistics. v. 14, n. 1, p. 129–147, 2015.

SIQUEIRA, A. A concordância de gênero em construções predicativas adjetivais com o verbo ser no Português Brasileiro. 2017. 184 p. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2017.

SIQUEIRA, A.; SIBALDO, M.; SEDRINS, A. Sentenças panquecas no português brasileiro. In: CARVALHO, D.; BRITO, D. (Orgs.) Gênero e Língua(gem): formas e usos. Salvador: EDUFBA, 2020. p. 319-339.

WECHSLER, S. Mixed agreement, the person feature, and the index/concord distinction. Natural Language & Linguistic Theory. v. 29(4), p. 999–1031, 2011.

ZOCCA, C. O que não está lá? Um estudo sobre morfologia flexional em elipses. 2003. 175 p. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade de Campinas, Campinas, 2003.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

Copyright (c) 2022 Cadernos de Estudos Linguísticos

Downloads

Não há dados estatísticos.