Resumo
Esta pesquisa interroga o modo como os professores vivenciam as mudanças no processode trabalho docente nas universidades federais brasileiras. Essas mutações decorrem dacomplexidade da vida contemporânea, principalmente no que concerne à transmutação dotrabalho em labor, nos termos de Arendt, que incide sensivelmente na qualidade de vida dehomens e mulheres em situação de trabalho não somente nas universidades, mas tambémem outros setores da sociedade. Trata-se de uma investigação centrada na constituição de sido professor universitário, que se afigura no animal laborans arendtiano, mediante areorganização do ensino superior no Brasil, e, consequentemente, a reconfiguração dotrabalho docente, orientada pela regulação “mundial” da educação claramente expressa noPlano Nacional de Educação (PNE). Alguns aspectos dessas mudanças indicam umaprecarização das condições de trabalho e vida desses professores, no que concerne ao seubem-estar no trabalho e fora dele, e, com a ascensão da meritocracia, uma culturanarcisismo e do comportamento produtivo, como demonstram os estudos de Lasch,Dejours, Sennet, Schwartz, Chauí e outros.Referências
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