Resumo
Este artigo focaliza a aproximação empreendida por Josildeth Gomes Consorte entre a antropologia e a educação através da análise do trabalho intitulado “A criança favelada e a escola pública”, publicado em 1959, quando a autora trabalhava como pesquisadora do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais. Este trabalho de Josildeth Consorte foi selecionado como um trabalho exemplar na trajetória profissional da autora, que remete às potencialidades de uma perspectiva antropológica voltada para a compreensão de questões oriundas do universo educacional. Nele, a sensibilidade do olhar antropológico percebe o “outro” no interior da instituição escolar. A escola pública, até então compreendida como o lugar da democracia, da igualdade, revela-se como o lugar da segregação, da evasão, da seleção dos mais “aptos” ou dos mais adaptados aos padrões estabelecidos por uma sociedade excludente. A partir da elaboração deste trabalho, Josildeth Consorte destacou-se no cenário intelectual brasileiro tanto por integrar o pequeno grupo de mulheres que dele tomou parte, como por sugerir uma interpretação da relação entre escola e comunidade que contrariava alguns dos principais alicerces da visão até então dominante sobre esse tema.
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