Resumo
Este artigo propõe uma reflexão sobre a vigilância do campo da educação superior exercida por órgãos e agentes do sistema de controle social constituído no Brasil a partir do golpe de 1964. Para tanto, aborda o caso específico da Delegacia de Ordem Política e Social do Estado do Paraná (DOPS/PR), analisando sua atuação e sua relação com colaboradores externos e outros órgãos de controle entre 1964 e 1988. Tal análise inscreve-se no âmbito de uma pesquisa de doutorado que tem por objeto de estudo o controle do campo da educação superior durante a Ditadura Civil-Militar, realizado através de ações coercitivas (vigilância, punição/recompensa e normatização) e ideológicas (propaganda/censura, educação moral e cívica, cursos de formação promovidos pela Escola Superior de Guerra e pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, palestras e materiais de divulgação distribuídos pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, dentre outros). A DOPS/PR fazia parte de uma estrutura de vigilância composta pelos vários departamentos e delegacias de ordem política e social e pela Polícia Federal. Além dessa estrutura, outras quatro (a do Sistema Nacional de Informações, a dos órgãos militares de informação, a do sistema CODI/DOI - Centro de Operações de Defesa Interna/Destacamento de Operações de Informações - e a do Ministério da Educação e Cultura) compunham o setor de vigilância daquele complexo sistema de controle social.
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