Resumo
A fim de melhor estabelecer uma relação entre a memória coletiva das comunidades ameríndias, essencialmente oralizadas, e a memória dos europeus que, além de possuírem o domínio da escrita, exerciam a dominação dos nativos, tomamos como foco de análise neste artigo distintos elementos da memória. A base teórica que contribuiu com a compreensão desses elementos adveio das considerações feitas por Jacques Le Goff (2012), que trata da memória étnica/coletiva, memória escrita, memória apagada e as relações de poder nelas imbricadas; e dos estudos de Frances Yates (2007) que apresentam um importante estudo da arte da memória.Enfocamos, mais especificamente: sua abordagem no contexto medieval e renascentista quando esta é fortemente incluída no pensamento cristão europeu. Na análise, fizemos uso das cartas elaboradas pelos jesuítas, documentos de importante valor que, embora apresentem uma visão europeia, transmitem informações sobre a memória histórica dos ameríndios sobre aspectos sui generis dos dominantes e dos dominados. Além destes importantes escritos, não desfavorecemos outras imagens as quais contribuíram para um melhor esclarecimento sobre a temática.
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