Resumo
No início do século XX, a institucionalização da sociologia no Brasil foi marcada por uma quantidade considerável de manuais e compêndios produzidos para o ensino da disciplina. Esse período ficou caracterizado pela diversidade teórica que influenciou a escrita dos intelectuais brasileiros, empenhados na realização dessa tarefa. Nesse sentido, o objetivo do presente artigo é analisar o manual de sociologia denominado “Programa de Sociologia” de Afro do Amaral Fontoura publicado em 1940. Esse livro foi escrito com o intuito de servir para o Programa oficial da cadeira de sociologia na escola secundária, visto a obrigatoriedade da disciplina nessa modalidade de ensino na época. O referencial teórico-metodologico está embasado na História das Disciplinas Escolares e na Análise Documental. Entre os principais resultados encontrados, podemos apontar a relação entre as ideias de Amaral Fontoura com as premissas da chamada “Sociologia Cristã”, escola sociológica ligada ao pensamento da Igreja Católica e de seus postulados.
Referências
ATHAYDE, Tristão de. Preparação à Sociologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Getúlio Vargas, 1942.
BOMENY, Helena. Os intelectuais da educação. 2. ed. Rio de Janeiro: ZAHAR, 2003.
BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. 16. ed. Tradução de Fernando Tomaz. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
BITTENCOURT, C. M. F. Disciplinas escolares: história e pesquisa. In OLIVEIRA, M. A. T. de; RANZI, S. M. F. (orgs.). História das disciplinas escolares no Brasil: contribuições para o debate. Bragança Paulista: EDUSF, 2003.
CIGALES, Marcelo Pinheiro. A sociologia educacional no Brasil (1946-1971): análise sobre uma instituição de ensino católica. 2014. 150f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-gradução em Educação, Instituto de Ciências Humanas, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2014.
CHOPPIN, Alain. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte. Educação e Pesquisa. v. 30, n. 3, p. 549-566, 2004.
CURY, Carlos R. Jamil. Ideologia e educação brasileira: católicos e liberais. 3. ed. São Paulo: Cortez & Moraes, 1978. (Coleção Educação Universitária).
FERREIRA, Aurélio B. de Hollanda. Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. (edição especial). 2. ed. Curitiba: Positivo, 2008.
FORQUIN, Jean-Claude. Saberes escolares, imperativos didáticos e dinâmicas sociais. Teoria & Educação, n. 5. p. 28-49, 1992.
FONTOURA, Afro do Amaral. Programa de Sociologia. Porto Alegre: Globo, 1944.
FONTOURA, Afro do Amaral. Sociologia Educacional. Rio de Janeiro: Aurora, 1957.
FONTOURA, Afro do Amaral. Introdução à Sociologia. 3. ed. Porto Alegre: Globo, 1961.
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. Pesquisa em Educação: abordagens Qualitativas: São Paulo: EPU, 1986.
GHIRALDELLI, Paulo. História da Educação. São Paulo: Cortez, 1991.
MAIO, Marcos Chor e VILLAS BÔAS, Glaucia (orgs.). Idéias de Modernidade e Sociologia no Brasil. Ensaios sobre Luiz de Aguiar Costa Pinto. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1999.
MACIEL, Lizete Shizue Bomura; VIEIRA, Renata de Almeida; SOUZA, Fátima Cristina Lucas de. Afro do Amaral Fontoura: Estudos, produções e a Escola Viva. Revista HISTEDBR on-line, Campinas, n. 47, p. 232-250, 2012.
MAGALHÃES, Justino. O Manual Escolar no Quadro da História Cultural: para uma historiografia do manual escolar em Portugal. Revista SÍSIFO, n. 1, dez, 2006. Disponível em: http://sisifo.fpce.ul.pt/?r=1&p=6. Acesso em março de 2014.
MEUCCI, Simone. A Institucionalização da Sociologia no Brasil: os primeiros manuais e cursos. 2000. 157 p. Dissertação (Mestrado em Sociologia). Intituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de campinas. São Paulo, 2000.
MEUCCI, Simone. Os primeiros manuais didáticos de sociologia no Brasil. Estudos de Sociologia. São Paulo. v.6, n.10, p. 121-157, 2001.
MEUCCI, Simone. Sobre a Rotinização da Sociologia no Brasil: Primeiros Manuais Didáticos, seus autores, suas expectativas. Mediaçãos, Londrina, v.12, n.1, p. 31-66, jan/jun. 2007.
MICELI, Sergio. Intelectuais e classe dirigente no Brasil (1920-1945). São Paulo: Difel, 1979.
PEREZ, Cilmara Ferrari. A formação sociológica das normalistas nas décadas de 20 e 30. 2002. 208 p. Dissertação (mestrado em Educação). Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas. São Paulo, 2002.
PONTES, Heloísa. Retratos do Brasil: Editores, Editoras e “Coleção Brasiliana” nas Décadas de 30, 40 e 50. In: MICELI, Sérgio (org.). História das Ciências Sociais no Brasil. Volume I. São Paulo: Vértice: IDESP, 1989.
NAGLE, Jorge. Educação e sociedade na primeira república. São Paulo, Editora Pedagógica e Universitária, Rio de Janeiro, Fundação Nacional do Material escolar, 1976.
SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas, SP: Autores Associados, 2010.
SARANDY, Flávio Marcos Silva. A sociologia volta à escola: um estudo dos manuais de sociologia para o ensino médio no Brasil. Dissertação de mestrado. (Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, set. 2004.
SERRY, Hervé. Saint Thomas Sociologue? Les enjeux cléricaux d'una sociologie catholique dans les années 1880-1920. Actes de la Recherche en Sciences Sociales. 2004/3 (no153). p. 28-40.
VIÑAO, Antonio. A história das disciplinas escolares. Revista Brasileira História da Educação, n. 18, p. 173-208, 2008.
A Revista HISTEDBR On-line utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.