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O trabalho invisível no sertão e o saber-fazer das mulheres na produção de queijo
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Palavras-chave

Saber-fazer. Educação. Mulheres. Queijo coalho.

Como Citar

BERTONI, Luci Mara; MENEZES, Sônia de Souza Mendonça. O trabalho invisível no sertão e o saber-fazer das mulheres na produção de queijo. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, SP, v. 16, n. 70, p. 103–118, 2017. DOI: 10.20396/rho.v16i70.8649217. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8649217. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

Nos municípios de Nossa Senhora da Glória, Porto da Folha e Monte Alegre de Sergipe localizados no território do Alto Sertão Sergipano, identificamos a produção de Queijo de Coalho Caseiro, considerada como uma residual forma de aproveitamento do leite diante do avanço da “modernização”. Neste artigo, temos por objetivo investigar em que medida o sistema de produção do queijo de coalho caseiro no espaço rural está alicerçado na transmissão do saber-fazer e na identidade das sertanejas propiciando a manutenção de um modo de vida no espaço rural. A nossa reflexão se apoia numa pesquisa fundamentada nas redes sociais nas quais as produtoras são identificadas a partir da indicação da comunidade nos citados municípios. Após visitar os espaços de produção, realizamos observação participante de suas práticas, evidenciamos essa troca de saberes com as novas gerações como um processo de educação profissional das mulheres na parte interna das residências. Além disso, constatamos o nível de educação formal dessas mulheres e as articulações informais organizadas para aproveitar os recursos territoriais. Investigamos em que medida esse trabalho considerado invisível está integrado em redes informais, alimentado pela demanda de um mercado consumidor que busca, no consumo desse alimento, uma aproximação ao território de origem. A renda obtida com a comercialização do produto constitui no principal recurso utilizado para a obtenção de alimentos nas feiras semanais contribuindo para a soberania alimentar o grupo familiar e o suíno, criado com o resíduo da produção, é uma poupança sob domínio feminino.
https://doi.org/10.20396/rho.v16i70.8649217
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