Resumo
A chuva dirigida é uma das principais fontes de umidade das fachadas das edificações, desencadeando mecanismos de degradação que envolvem processos de molhagem e secagem, variações higrotérmicas e perda de estanqueidade dos constituintes. Existem diversos métodos de quantificação de chuva dirigida para calcular a intensidade de água que é projetada na fachada. Esses métodos permitem avaliar as condições de exposição que afetam a durabilidade e vida útil das edificações, assim como a intensidade da ação deste fenômeno. As normas internacionais ISO 15927-3: 2009 e ASHRAE Standard 160: 2009 são exemplos de documentos de referência que fornecem procedimentos e critérios para estimar a quantidade de chuva dirigida que se projeta na superfície vertical, em cada orientação de fachada. No cenário nacional, as normas brasileiras não apresentam critérios, modelos ou métodos de cálculo para a quantificação de chuva dirigida. Considerando as lacunas existentes no contexto brasileiro, este artigo apresenta métodos e modelos identificados por meio de uma revisão de literatura. O foco deste artigo é a avaliação dos principais métodos selecionados para quantificação da chuva dirigida em fachada, embasada em estudos descritivos e analíticos que permitiram a comparação entre eles. Os resultados mostram que os métodos semiempíricos avaliados resultam em diferentes montantes de chuva dirigida, visto que os métodos adotam diferentes parâmetros para os coeficientes que retratam as condições de exposição do edifício e sua inserção no contexto urbano.
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