Enunciar é argumentar
analisando um episódio de uma aula de História com base em Bakhtin
Palavras-chave:
Discurso, Linguagens sociais, Aula de história, Bakhtin, ArgumentaçãoResumo
O objetivo desse artigo é discutir o pressuposto de que, com base na teoria da enunciação de Bakhtin, enunciar é argumentar. A argumentação é inerente ao princípio dialógico dos enunciados, considerando que todo enunciado é dirigido a alguém, na cadeia enunciativa infinita. Enunciar é agir sobre os outros, o que significa que vai além de compreender e responder enunciados. Esse interesse relaciona-se com uma questão que permanentemente enfrentamos na escola: a dificuldade que alunos têm de compreender e elaborar o discurso verbal, especialmente em registros mais formais, em áreas do conhecimento que se distanciam do cotidiano. Uma categoria relevante para nossa discussão é a de linguagens sociais, considerando que as diferenças entre elas se dão no plano de diferentes textualidades, isto é, de diferentes modos de argumentar. Analisamos, no artigo, interações discursivas ocorridas na parte inicial de uma aula de História, numa turma de 5ª série.
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