Banner Portal
A produção imaginária e a formação do sentido estético. Reflexões úteis para uma educação humana
PDF

Palavras-chave

Imaginário. Produção imaginária. Criatividade. Estética. Sentido estético. Educação

Como Citar

PINO, Angel. A produção imaginária e a formação do sentido estético. Reflexões úteis para uma educação humana. Pro-Posições, Campinas, SP, v. 17, n. 2, p. 47–69, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/proposic/article/view/8643628. Acesso em: 27 abr. 2024.

Resumo

Este texto configura-se como um ensaio sobre duas questões que, na perspectiva histórico-cultural, são consideradas fundamentais na constituição humana do homem: sua capacidade criadora e o sentido estético das suas obras. A primeira nos remete a um pressuposto teórico cujo valor empírico é historicamente comprovado. O homem é um ser criador das suas condições de existência. Tal pressuposto é o fundamento do que é denominado aqui de “produção imaginária”, cuja discussão forma a primeira parte deste texto. Três aspectos – considerados importantes na análise que é feita da “produção imaginária” – são sucessivamente discutidos. Inicialmente, o conceito de “atividade imaginária”, partindo do princípio de que a idéia de produção indica um determinado tipo de atividade humana cujo modelo, na perspectiva deste ensaio, é a teoria do “trabalho social” de Marx. Em seguida, são discutidas as razões que levam a introduzir na análise o conceito de imaginário, como uma instância primordial que designa o poder criador do ser humano. O próprio modelo do “trabalho social” justifica o status do imaginário de fonte de toda e qualquer forma de atividade produtiva que, antes de consumar-se nos planos do real concreto ou do simbólico, é um processo da subjetividade restrita do sujeito produtor. Pressupondo-se que criar – como ocorre com qualquer outra característica humana – é uma função do sujeito criador, conclui-se que se justifica falar de uma função imaginária, da mesma forma que se fala de função de falar, de pensar, de sentir, de agir, etc. Finalmente, é discutido o conceito de produção imaginária e natureza da diversidade desse tipo de produções. Na segunda parte do ensaio, discute-se o que, na perspectiva nele assumida, entende-se que é o fundamento do sentido estético, algo que aparece como inerente ao conceito de sensibilidade humana, que, por sua vez, é associado com a capacidade criadora do ser humano. A análise das duas questões que constituem o objeto de análise deste ensaio fornece elementos para avaliar sua importância na educação humana do homem.

Abstract:

This text is an essay on two issues that, in a cultural-historical perspective, are fundamental for man’s humane constitution: his creative skill and the aesthetical sense in his works. The first one addresses us to a theoretical principle whose empirical value is historically proved. Man is a being that creates his own existing conditions. This principle supports what is here named “imaginary production”, and its discussion is the topic of the first part of this text. Three aspects considered important in the analysis of “imaginary production” are successively discussed. The first one is the concept of “imaginary activity”, based on the principle that the production idea indicates a certain kind of human activity whose model, in the perspective assumed in this text, is Marx’s “social work” theory. Next, there is a discussion of the reasons that lead us to insert the imaginary concept in the analysis, like a prime instance that defines the human being’s creative skill. The “social work” model explains the status of the imaginary instance as being the source of each and every kind of productive activity that, before being accomplished in the concrete or symbolic field, is a process of the producing subject’s restricted subjectivity. When we assume that creating – like any other human characteristic – is one of the creating subject’s functions, we conclude that it is reasonable to talk about an imaginary function in the same way that we talk about the speaking, feeling and acting functions. Finally, the imaginary production concept is discussed, as well as the nature of diversity in this kind of production. In the second part of the essay, there is a discussion of what is understood as the fundamentals of the aesthetic sense, in the perspective taken in this essay. It is something that appears to be inherent to the human sensbility concept, which, in its turn, is associated to the human being’s creative skill. The analysis of the two issues that constitute this essay’s object of analysis provide us with elements to evaluate its importance to man’s humane education.

Key words: Imaginary instance. Imaginary production. Creativity. Aesthetics. Aesthetic sense. Education

PDF

Referências

ARISTÓTELES. Poetics. Translated by S. H. Butcher. The internet Classics Archive. Available at http://classics.mit.edu//Aristotle/poetics.htm.

BACHELARD, Gaston. A terra e os devaneios da vontade. Trad. bras. de Ma. E. Galvão, S. Paulo: Martins Fontes, 2001.

BAUMGARTEN, A. Gottlieb. Esthétique. Ed. e trad. fr. J.-Y.Pranchère, L’Herne, 1988.

CASTORIADIS, Cornélio. L’institution imaginaire de lá société. Paris: Éditions du Seuil, 1975.

DAMÁSIO, Antônio. O mistério da Consciência. Trad. bras. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

EAGLETON, Terry. A Ideologia da Estética. Trad. port. de Mauro Sá R. Costa. Rio de Janeiro: J. Zahar Editor, 1993.

HELD, Jacqueline. O imaginário no poder: as crianças e a literatura fantástica. Trad. bras. Carlos Rizzi. S. Paulo: Summus, 1980.

LUKÁCS, Georg. Introdução a uma Estética Marxista. Trad de Carlos N. Coutinho e Leandro Konder. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1978.

MARX, Karl. L´Ídéologie Allemande. Trad fr., sob a direção de Gilbert Badia. Paris: Éditons Sociales, 1976.

MARX, Karl. Le Capital. Trad. fr. de Joseph Roy, 3 v. Paris: Éditions Sociales, 1977.

MARX, Karl. Manuscrits de 1844. Trad. fr. Paris: Éditions Sociales, 1972.

MARX, Karl. Manuscrits de 1857-1858. Grundrisse. Trad. fr. sob a responsabilidade de J.P.Lefebvre. 2v. Paris: Éditions Sociales, 1980.

MARX-ENGELS. Manifeste du Parti Comuniste (1848). Trad. francesa de Laura Lafargue, Éditions Sociales, 1962.

PINO, Angel. A psicologia concreta em Vigotski. In: PLACCO, Vera Maria S. (org.). Psicologia & Educação: Revendo contribuições. S. Paulo: Educ & Fapesp, 2000b.

PINO, Angel. As categorias de público e privado na análise do processo de internalização. Educação & Sociedade. São Paulo: Papirus-Cedes, 1992, 42, p.315-327.

PINO, Angel. As marcas do Humano. S. Paulo: Cortez Editora, 2005.

PINO, Angel. O social e o cultural na obra de Vigotski. Educação & Sociedade, 71, número especial, 2. ed. 2000a.

PLATON. Dialogues Socratiques. Oeuvres Complètes. Trad. de Dacier et Grou. Paris: Charpentier & Cie, t. II, 1892, p. 215-243.

SCRUTON, Roger; MUNRO, Thomas. Aesthetics. December 2003. iAPP homepage, Global Knowledge-Based Economy. In: KLEIN, Lawrence E. (ed.). Characteristics of Men, Manners, Opinions, Times. Cambridge: Cambridge University Press, 1999.

SHAFTESBURY. Characteristics of Men, Manners, Opinions, Times, edited by Lawrence E. Klein, Cambridge: Cambridge, University Press, 1999, citado por Scruton (2003).

VAZQUEZ, A. Sanchez. As Idéias Estéticas de Marx. Trad. de Carlos N. Coutinho. S. Paulo: Paz e Terra, 2.ed., 1978.

VIGOTSKY, Lev S. Imaginación y creación en la edad infantil. Trad. esp. de Francisca Martinez, 2. edición. Ciudad de la Habana: Editorial Pueblo y Educación, 1999.

VIGOTSKY, Lev S. The Genesis of Higher Mental Functions. RIEBER, Robert W. (ed.) The Collected Works. New York-London: Plenum Press, 1997.

VYGOTSKY, Lev S.; LURIA, Alexander. Tool and symbol in child development. VANDER VEER, R.; VALSINER, J. (ed.). The Vygostky Reader. Oxford & Cambridge: Blackwell, 1994, p.99-174

Proposições utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.