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Migração de classe e vergonha cultural: trajetórias ascendentes entre a crítica e o reconhecimento das hierarquias simbólicas
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Palavras-chave

Migração de classe. Vergonha cultural. Violência simbólica. Elites. São Paulo

Como Citar

PULICI, Carolina. Migração de classe e vergonha cultural: trajetórias ascendentes entre a crítica e o reconhecimento das hierarquias simbólicas. Pro-Posições, Campinas, SP, v. 27, n. 3, p. 153–178, 2017. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/proposic/article/view/8648304. Acesso em: 7 maio. 2024.

Resumo

O artigo discute certas formas de violência simbólica que acometem indivíduos em migração de classe, marcados por critérios de julgamento inconciliáveis. Tendo como fonte principal 30 entrevistas com membros das classes altas de São Paulo – realizadas no âmbito de uma pesquisa maior que coletou manuais de etiqueta, material de imprensa, críticas e estatísticas culturais –, ele analisa trajetórias e atributos que ensejam experiências de vergonha cultural, argumentando que o percurso ascensional não se faz acompanhar apenas pela deferência dispensada aos que “sobem na vida”, mas também por algumas das modalidades mais universais de sofrimento social, tais como a percepção do baixo valor atribuído a si (e aos seus) no universo de destino, a evocação de uma herança cultural negativa, a interiorização de disposições dominantes e o desaparecimento progressivo dos usos corporais conciliados com os códigos culturais predominantes nas classes populares.
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