Resumo
Neste ensaio, examina-se a ideia de tempo em Paulo Freire aproximando sua pedagogia da duração bergsoniana. Parte-se das citações do tempo bergsoniano pelo próprio Freire. O tempo é elemento complexo e rico para investigação. Apresenta-se o tempo como tema epistemológico, situa-se o pensamento de Henri Bergson sobre o tempo e, por meio de um exercício de bricolagem, colocam-se lado a lado os dois autores, em busca da inspiração bergsoniana em Freire. Entende-se inspiração como relação de suporte ao que já existe e descoberta. A afirmação de Bergson de que a ciência nega o tempo e sua concepção da duração como consciência, qualidade, continuidade, criação, mudança e liberdade aproximam-se das alusões de Freire ao tempo, dando força à crítica e ao sentido libertador de sua educação popular. Essa impressão é ilustrada com a menção ao conceito freiriano de inédito viável.Referências
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