Banner Portal
Surdez e alteridade
REMOTO
REMOTO

Palavras-chave

Diferença
Surdez
Bilinguismo
Libras

Como Citar

SILVA, Rubia Carla Donda da; MARTINS, Sandra Eli Sartoreto de Oliveira. Surdez e alteridade: “o encontro entre o tilintar das vozes e o tremular das mãos”. Pro-Posições, Campinas, SP, v. 31, p. e20170167, 2020. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/proposic/article/view/8660692. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

De caráter ensaístico, este texto contempla o diálogo entre os estudos surdos com viés pós-estruturalista e a filosofia da linguagem para abordar a diferença como não coincidência. Nele, a experiência da surdez é tratada como um evento singular, problematizando o aprisionamento dos corpos dos surdos às representações fixas, em nome de um projeto homogeneizador marcado pela reprodução da identidade. Ninguém se afirma, pois a força universalista da padronização linguística é diretamente proporcional a invisibilidade daqueles que ouvem e oralizam. Entretanto, afirmar-se evidencia a insubmissão dos surdos ao projeto monolíngue e monocultural ouvinte e denuncia a tentativa de fixação da identidade ditada pelos cânones da normalidade. As relações opositivas que marcam a identidade surda e a normalidade ouvinte trazem consigo a impossibilidade do diálogo, mantendo invisíveis os clamores das mãos que sinalizam nos territórios habitados por vozes inacessíveis aos ouvidos dos surdos, na contramão da alteridade.

REMOTO
REMOTO

Referências

Altenhofen, C. V., & Broch, I. K. (2011). Fundamentos para uma “pedagogia do plurilinguismo” baseada no modelo de conscientização linguística (language awareness). In L. E. Behares (Org.), VI Encuentro Internacional de Investigadores de Políticas Linguísticas (pp. 15-24). Universidad de la República y Asociación de Universidades, Montevideo.

Amorim, M. (2004). O pesquisador e seu outro: Bakhtin nas ciências humanas. São Paulo: Musa.

Anderson, B. (1983). Imagined Communities: reflections on the origins spread of nationalism. Londres: Verso.

Bakhtin, M. M. (2011). O autor e a personagem na atividade estética. In Estética da criação verbal (6a ed., pp. 3-186, Paulo Bezerra, trad.). São Paulo: Martins Fontes.

Bárcena, F. (2015). La diferencia (de los idiotas). Pro-posições, 26(1), 49-67.

Bastos, E. R. O. (2013). Experiências culturais de alunos surdos em contextos socioeducacionais: o que é revelado? Tese de Doutorado, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

Bauman, Z. (2003). Comunidade: a busca por segurança no mundo atual (Plínio Dentzien, trad.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Canguilhem, G. (2009). O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Carvalho, A. F. (2015). Por uma ontologia política da (d)eficiência no governo da infância. In H. Resende, Michel Foucault: o governo da infância (pp. 25-47). Belo Horizonte: Autêntica.

Coelho, L. L. (2016). Diferenças linguísticas e a escolarização de índios surdos: experiências do Brasil e do México. In Anais do I Congresso Internacional de Educação Especial e Inclusiva e XIII Jornada de Educação Especial (pp. 100-113). FFC/Unesp, Marília.

Constituição da República Federativa do Brasil. (1988). Brasília, DF: Congresso Nacional.

Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. (2004, 3 de dezembro). Regulamenta as Leis nº 10.048, de 8 de novembro de 2000 e 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da União, seção 1.

Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. (2005, 23 de dezembro). Regulamenta a Lei n 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

Diário Oficial da União, seção 1. Geraldi, J. W. (2015). Ancoragens: estudos bakhtinianos. São Carlos: Pedro & João.

Gomes, M. C. F. (2012). A reconfiguração política da surdez e da educação de surdos em Portugal: entre os discursos identitários e os discursos de regulação. Tese de Doutorado, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade do Porto, Porto.

Hall, S. (2014). Quem precisa de identidade? In T. T. Silva (Org.), Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais (15a ed., pp. 103-133). Petrópolis: Vozes.

Klein, M., & Lunardi, M. L. (2006). Surdez: um território de fronteiras. Educação Temática Digital, 7(2), 14-23.

Kuchenbecker, L. G. (2011). Inclusão na escola de surdos: estratégias de normalização dos sujeitos surdos Down. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. (2002, 25 de abril). Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Diário Oficial da União, seção 1.

Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. (2015, 7 de julho). Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, seção 1.

Lévinas, E. (2002). Totalidad e infinito: ensayo sobre la exterioridad. Salamanca: Sígueme.

Lima, C. M., Sampaio, C. S. R., & Ribeiro, T. (2015). Apontamentos sobre a educação de surdos: aprendizagens no encontro com a surdez. Revista Espaço, 43, 92-115.

Martins, V. R. O. (2016). Educação de surdos e proposta bilíngue: ativação de novos saberes sob a ótica da filosofia da diferença. Educação & Realidade, 41(3), 713-729.

Pagni, P. A. (2015). A emergência do discurso da inclusão na biopolítica: uma problematização em busca de um olhar mais radical. In Asociación Latinoamericana de Filosofia de la Educación, Actas del Tercer Congreso de Filosofía de la Educación (vol. 3, pp. 25-45). Universidad Nacional Autónoma de México, México.

Pereira, E. L. (2013). Fazendo cena na cidade dos mudos: surdez, práticas sociais e uso da língua em uma localidade no sertão do Piauí. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

Pontin, B. R. (2014). Discursos e processos de normalização dos sujeitos surdos através de próteses auditivas nas políticas de governo da atualidade. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Ponzio, A. (2010). A concepção bakhtiniana do ato como dar um passo. In M. M. Bakhtin, Para uma filosofia do Ato Responsável (2a ed., V. Miotello & C. A. Faraco, trads., pp. 8-38). São Carlos: Pedro & João.

Sá, N. R. L. (2006). Cultura, poder e educação de surdos. São Paulo: Paulinas.

Santos, B. S. (2008). A filosofia à venda, a douta ignorância e a aposta de Pascal. Revista Crítica de Ciências Sociais, 80, 11-48.

Santos, B. S. (2010). Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In B. S. Santos & M. P. Meneses (Orgs.), Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez.

Sardagna, H. V. (2013). Da institucionalização do anormal à inclusão escolar. In E. T. H. Fabris & R. R. Klein (Orgs.), Inclusão e biopolítica (pp. 45-60). Belo Horizonte: Autêntica.

Silva, T. T. (2014). A produção social da identidade e da diferença (15a ed.). In Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais (pp. 72-102). Petrópolis: Vozes.

Skliar, C. B. (1998). Os estudos surdos em educação: problematizando a normalidade. In A surdez: um olhar sobre as diferenças (pp. 7-31). Porto Alegre: Mediação.

Skliar, C. (2014). Desobedecer a linguagem: educar (Giane Lessa, trad.). Belo Horizonte: Autêntica.

Skliar, C. (2015). La pronunciación de la diferencia entre lo filosófico, lo pedagógico y lo literário. Pro-posições, 26(1), 29-47.

Solomon, H. M. (1986). Stigma and Western Culture: a historical approach. In S. C. Ainlay, G. Becker, & L. M. Coleman (Orgs.), The dilemma of difference: a multidisciplinary view of stigma (pp. 59-76). Nova York: Plenum Press.

Teske, O. (2012). Surdos: um debate sobre letramento e minorias. In A. C. B. Lodi, A. D. B. Melo & E. Fernandes (Orgs.), Letramento, bilinguismo e educação de surdos (pp. 25-48). Porto Alegre: Mediação.

Thoma, A. S. (2004). Sobre a proposta de Educação Inclusiva: notas para ampliar o debate. Revista Educação Especial, (23), 45-52.

Thoma, A. S. (2012). Representações sobre os surdos, comunidades, cultura e movimento surdo. In M. C. Lopes (Org.), Cultura surda & Libras (pp. 154-180). São Leopoldo: Editora Unisinos.

Thoma, A. S. (2016). Educação bilíngue nas políticas educacionais e linguísticas para surdos: discursos e estratégias de governamento. Educação & Realidade, 41(3), 755-775.

Veiga-Neto, A. (2013). Apresentação – Minimae parabolae. In E. T. H. Fabris & R. R. Klein (Orgs.), Inclusão e biopolítica (pp. 7-13). Belo Horizonte: Autêntica.

Woodward, J. (1972). Implications for sociolinguistic research among the deaf. Sign Language Studies, (1), 1-7.

Woodward, K. (2014). Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In T. T. Silva (Org.), Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais (15a ed., pp. 7-72). Petrópolis: Vozes.

Wrigley, O. (1996). The politics of deafness. Washington, DC: Gallaudet University Press.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

Copyright (c) 2020 Pró-Posições

Downloads

Não há dados estatísticos.