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Paulo Freire e a produção de subjetividades democráticas: da recusa do dirigismo à promoção da autonomia
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Palavras-chave

Paulo Freire. Educação política. Cidadania. Autonomia

Como Citar

DULLO, Eduardo. Paulo Freire e a produção de subjetividades democráticas: da recusa do dirigismo à promoção da autonomia. Pro-Posições, Campinas, SP, v. 25, n. 3, p. 22–43, 2015. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/proposic/article/view/8642431. Acesso em: 27 abr. 2024.

Resumo

Em sua tese de 1959, Paulo Freire interpretou o Brasil a partir de uma “antinomia fundamental”: à “emergência do povo na vida pública” não corresponderia uma adequada “disposição mental” para agir, pois essa população seria “inexperiente” em regimes democráticos. O objetivo deste texto é analisar a proposta pedagógica de Freire como uma saída para esse problema histórico nacional, apontando-o como a tentativa de produção de subjetividades democráticas, cidadãs. Para isso, centra-se a discussão em torno de dois conceitos, o de dirigismo e o de autonomia, e sugere-se uma interpretação de Freire em dois níveis hierarquizados: em um há uma relação horizontal de troca dialógica e em outro, englobante, há uma relação vertical de transformação dos “dispositivos mentais”. Aponta-se, a partir de pesquisa documental sobre a “Experiência de Angicos”, como a tensão entre esses dois níveis constituiu a principal dificuldade encontrada – a de produzir autonomia a partir de uma relação de autoridade.

Abstract

In 1959 Paulo Freire interpreted the Brazilian case as consisting of a “fundamental antinomy”: “the emergency of the people in the public life” had no proper correspondent in their “mental disposition” to act, since they had no experience with democratic regimes. The main objective of the text is to analyse Freire’s pedagogical proposition as an attempt to find a solution to this historical national problem by pointing how he tried to produce democratic and citizen subjectivities. I discuss, therefore, two concepts: guidance and autonomy and suggest an interpretation of Freire’s pedagogy in two hierarchical levels: in the lower level there is a horizontal dialogic exchange and in the vertical, encompassing level, there is a transformation of the “mental dispositive”. By focusing on the documental research around the “Angicos Experiment” I show how the tension between these two levels has constituted the main difficulty they faced – to produce autonomy from an authoritative relation.

Keywords Paulo Freire, political education, citizenship, autonomy.

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