Resumo
A crescente divisão entre ciências e humanidades conduziu, nas últimas décadas, ao seu enfraquecimento global,levando a um império pragmático de soluções tecnológicas, privadas de significado e raciocínio global. Paralelamente, a fonte de muitos processos disruptivos atuais é a incapacidade de entender as implicações da fusão global de economias e sociedades, mas também a tendência de segregar novas identidades e redes culturais. Consideramos que a educação e o treinamento são elementos-chave no processo de construção de paisagens compartilhadas, ou seja, perceções convergentes compartilhadas dos territórios, e que a educação em pré-história e arqueologia deve ser estruturada nesse contexto. Refletindo sobre as preocupações e perspetivas gerais da educação em Humanidades em geral, e sobre restrições específicas na Europa e em Portugal, argumentamos que a relevância específica da arqueologia num programa global de ciências humanas diz respeito à sua experiência na avaliação de mecanismos de adaptação, equilíbrios economia-ambiente, técnicas e tecnologia, bem como à sua abordagem interdisciplinar, que vai além das humanidades e envolve as ciências sociais e naturais. O texto conclui apresentando a estrutura e a estratégia do programa de Mestrado em Arqueologia Pré-Histórica e Arte Rupestre, como parte de um programa mais amplo de educação em arqueologia e patrimônio cultural no Instituto Politécnico de Tomar.
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