Resumo
A concepção romântica do escritor “inspirado” parece estar completamente desacreditada no debate contemporâneo sobre a criação literária. Enquanto, no início do século XX, Rilke ainda declarava ter ouvido do vento as primeiras palavras das Elegias de Duíno e Manuel Bandeira afirmava que “não forçava a mão” ao compor um poema, hoje a inspiração só aparece no discurso dos escritores como coadjuvante no clichê que afirma que a “transpiração” é o elemento decisivo para a criação literária. “Não há inspiração, há trabalho”, afirma José Saramago numa entrevista recente; “a poesia é fruto do trabalho paciente e lúcido do poeta”, já asseverava João Cabral há cinquenta anos.
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