Memórias de erotismo e repressão na poesia de Alex Polari

Resumo

Em Camarim de prisioneiro, publicado em 1980, Alex Polari, ex-guerrilheiro e preso político da ditadura civil-militar brasileira, reúne poemas, diários, cartas, relatos, fotografias e ilustrações que testemunham a sua experiência no cárcere, bem como a de seus companheiros. Além das temáticas da memória traumática e das violências sofridas nos porões da ditadura, observa-se também, em Camarim de prisioneiro, um conjunto de poemas que apresenta a tematização de afetos como estratégia para resistir às forças autoritárias que afetam o corpo/sujeito. Nesse sentido, o presente artigo busca analisar os poemas “Recordações de 1969- II” e “Depois de um pernoite” na perspectiva de compreender como o afeto erótico configura uma forma de resistência à repressão da ditadura militar. Ainda que seja difícil conceber o trauma e a violência ao lado de imagens afetuosas, investiga-se de que forma esse antagonismo se configura como uma estratégia de resistência às políticas de controle ideológico e do corpo dos sujeitos encarcerados.