Resumo
Este artigo visa, a partir de um problema contemporâneo (a destruição das vidas e culturas indígenas no Brasil), pensar problemas éticos, em especial no que consistem as formas outras de constituição da subjetividade e de (des)obediência. A questão da obediência indígena, então, será pensada a partir dos escritos de Pierre Clastres, dando margem para a relação com nossa realidade ocidental a partir de Viveiros de Castros. A questão da subjetividade será abordada a partir daquilo que nos foi indicado por Michel Foucault. Encarando essas realidades ameríndias como heterotopias, como poderíamos produzir resistências e possibilidades dissonantes em nossa realidade presente?
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