Resumo
Introdução: A presença indígena na educação superior tem se apresentado dentre as pautas atuais das discussões acadêmicas. Apesar de ser uma temática recente, evidencia que precisamos pesquisar e nos conectar com os desafios educacionais, culturais, sociais e políticos do nosso tempo, para não apenas compreendermos o mundo em que vivemos, mas, sobretudo, para criarmos possibilidades de sua ressignificação. Objetivo: Diante disso, este texto tem como objetivo problematizar a universidade, o preconceito, a discriminação e a hegemonia epistemológica eurocêntrica a partir das experiências de estudantes indígenas da Universidade Federal da Fronteira Sul. Metodologia: O intuito é contribuir nas reflexões sobre o acesso, a permanência, a vivência na universidade e o significado dessa escolarização para os povos indígenas, tomando a perspectiva decolonial como articuladora da análise. Procuramos problematizar as possibilidades que os indígenas, grupo étnico vítima de genocídio, epistemicídio e etnocídio, têm de contribuírem para a transformação e ressignificação da universidade ao se fazerem presentes nesse espaço. Resultado/Conclusão: Percebemos que os estudantes indígenas ainda enfrentam situações difíceis, que são as relações coloniais e o sofrimento por elas gerado, e que é necessário quebrar paradigmas e construir possibilidades para romper o ciclo de violências ainda em curso.
Referências
BANIWA, Gersem dos Santos Luciano. O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006.
BANIWA, Gersem dos Santos Luciano. Desafios no caminho da descolonização indígena. Revista do PPGCS – UFRB – Novos Olhares Sociais | Vol. 2 – n. 1 – 2019. Acesso em 12 ago. 2022.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
BRASIL. Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, [1996]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 31 jul. 2022.
BUTLER, Judith. Quadros de Guerra: quando a vida é passível de luto. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.
ESPINOSA, Monica. Ese indiscreto asunto de la violencia. Modernidad, colonialidad y genocidio en Colombia. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramon (Org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos e Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007. Disponível em: http://www.ceapedi.com.ar/imagenes/biblioteca/libreria/147.pdf. Acesso em: 11 ago. 2022.
FIGUEIREDO, Angela; GROSFOGUEL, Ramón. Por que não Guerreiro Ramos? Novos desafios a serem enfrentados pelas universidades públicas brasileiras. Cienc. Cult. São Paulo, v. 59, n. 2 abr./jun. 2007.
GOMES, Nilma Lino. Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Currículo sem Fronteiras, v.12, n.1, p. 98-109, jan./abr. 2012.
GROSFOGUEL, Ramón. Dilemas dos estudos étnicos norte-americanos: multiculturalismo identitário, colonização disciplinar e epistemologias descoloniais. Cienc. Cult. São Paulo v. 59, n. 2, abr./jun. 2007. Tradução: Flávia Gouveia.
HERBETTA, Alexandre Ferraz; NAZARENO, Elias. Sofrimento acadêmico e violência epistêmica: considerações iniciais sobre dores vividas em trajetórias acadêmicas indígenas. Tellus, Campo Grande, MS, ano 20, n. 41, p. 57-82, jan./abr. 2020. DOI: http://dx.doi.org/ 10.20435/tellus.v20i41.640.
MIGNOLO, Walter D. “Novas reflexões sobre ‘Ideia da América Latina’: a direita, a esquerda e a opção descolonial”. Caderno CRH, v. 21, n. 53, p. 239-252, 2008.
MIGNOLO, Walter D. Histórias locais/projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Tradução de Solange Ribeiro de Oliveira. 1. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2020.
PARAÍSO, Marlucy Alves. Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação e currículo:
trajetórias, pressupostos, procedimentos e estratégias analíticas. In MEYER, Dagmar Estermann e (organizadoras). Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2012.
RIBEIRO, Ana Elisa Rodrigues Alves; BERETTA, Regina Célia De Souza. Interculturalidade, Descolonização e a Educação Superior Indígena no Brasil. Revista Internacional Educon, v. I, n. 1, e20011002, set./dez. 2020. ISSN: 2675-6722 | DOI: https://doi.org/10.47764/e20011002.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Novos Estudos – CEBRAP, n. 79, p. 71-94. nov. 2007.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
SANTOS, Boaventura de Sousa. O fim do império cognitivo: a afirmação das epistemologias do Sul. 1. ed. - Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019. (E-book)
SEGATO, Rita Laura. Cotas: Por que reagimos? REVISTA USP, São Paulo, n.68, p. 76-87, dezembro/fevereiro 2005-2006.
SILVA, Nádia Maria Cardoso da. Universidade no brasil: colonialismo, colonialidade e descolonização numa perspectiva negra. Revista Interinstitucional Artes de Educar. Rio de Janeiro, V. 3 N. 3 – pág. 233-257 (out/2017 – jan/2018): “Decolonialidade e Educação: entre teorias e práticas subversivas” – DOI: 10.12957/riae.2017.29814.
SPIVAK, Gayatri. C. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL. Resolução Nº 33/CONSUNI/UFFS/2013. Institui o Programa de Acesso e Permanência dos Povos Indígenas (PIN) da Universidade Federal da Fronteira Sul. Chapecó: UFFS, [2013]. Disponível em: https://www.uffs.edu.br/atos-normativos/resolucao/consuni/2013-0033. Acesso em: 1 ago. 2022.
VIANA, Iclicia. Et al. Colonialidade, invisibilização e potencialidades: Experiências de indígenas no ensino superior. Psicologia Política. vol. 19. n. 46. p. 602-614. set-dez. 2019.
VICENZI, Renilda; PICOLI, Bruno Antonio. Escola, ressignificação, descolonização: narrativas de estudantes Kaingang na fronteira Sul do Brasil. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 17, e2219356, 1-23, 2022. Disponível em: https://revistas2.uepg.br/index.php/praxiseducativa Acesso em 1 ago. 2022.
VIEIRA, G. J. C. Breves notas sobre a concepção de etnocídio e seu contexto como violação de direitos humanos. Lex Humana, Petrópolis, v. 3, n. 1, p. 36-49, 2011.
WALSH, Catherine. Interculturalidade Crítica e Pedagogia Decolonial: in-surgir, re-existir e re-viver. In CANDAU, Vera Maria (org). Educação Intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: Editora 7Letras, 2009.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2023 Lucélia Peron, Rosenei Cella, Diego Palmeira Rodrigues