Resumo
Cafés, livrarias, redações de jornais, tipografias, conferências, salões, agremiações literárias... esses são alguns exemplos de ambientes que serviram de ponto de encontros e abrigaram inúmeras reuniões de homens que praticavam atividades literárias no Brasil. Esses espaços multiplicaram-se acompanhando um movimento de transformações físicas, culturais e sociais no fim do século XIX e no início do século XX. Desde o Segundo Reinado, podemos verificar o desenvolvimento de atividades intelectuais no Brasil. Entretanto, foi no fim do século XIX que esses movimentos intensificaram-se, resultando em uma maior atuação desse grupo na sociedade e nos espaços da cidade. No interior dos ambientes mencionados, grupos de intelectuais trocavam experiências, elaboravam, discutiam, divulgavam e faziam circular suas ideias e projetos, bem como forjavam a formação de uma identidade de grupo, uma vez que tais espaços ratificavam as relações sociais existentes. No entanto, apesar dos espaços de sociabilidades serem importantes para um estudo que proponha a compreensão e a análise da dinâmica desse grupo, poucas foram as produções, na historiografia brasileira, que deram ênfase a essa temática. Desse modo, o presente artigo tem por objetivo é contemplar uma discussão historiográfica acerca de perspectivas de estudos voltadas para os espaços frequentados por grupos literatos no período republicano.Referências
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