Resumo
Goiânia, símbolo da “Marcha para o Oeste” estado-novista, é fundada sob a égide do progresso, em detrimento da anterior sede administrativa de feições coloniais. O esforço de se estabelecer como capital, porém, vai além de sua concretização espacial - mediante um plano urbanístico que evocasse modernidade - e se articula, também, no campo simbólico. Os discursos, antecedentes às primeiras construções, são portadores da cidade que se idealiza e, nesta conjuntura, residem as representações. Entendendo-as como presentificação de uma imagem culturalmente construída, a abordagem deste trabalho propõe estabelecer um olhar acerca da Revista Oeste e seus registros fotográficos de Goiânia, explorando-os como importantes elementos de consolidação discursiva e imaginária da capital.Referências
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