Banner Portal
Perspectivas discursivo-pragmáticas das masculinidades no forró eletrônico nordestino
PDF

Palavras-chave

Performatividade
Identidade
Masculinidade
Forró eletrônico

Como Citar

FERREIRA, Dina Maria Martins; PINHEIRO, Gustavo Cândido. Perspectivas discursivo-pragmáticas das masculinidades no forró eletrônico nordestino. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 64, n. 00, p. e022028, 2022. DOI: 10.20396/cel.v64i00.8666917. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8666917. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

Este artigo apresenta uma discussão conceitual e analítica sobre processos performativos implicados na construção e na naturalização do que vamos chamar de “masculinidade forrozeira”. Nosso objetivo é compreender o papel de determinados valores identitários envolvidos na circulação performativa de sentidos sobre masculinidade em jogos de linguagem da prática cultural forró eletrônico. O estudo se ampara nos aportes teórico-metodológicos da Nova Pragmática/Pragmática Cultural (RAJAGOPALAN; MARTINS FERREIRA, 2006; RAJAGOPALAN, 2010, 2016; ALENCAR; MARTINS FERREIRA, 2012; FABRÍCIO; PINTO, 2013; ALENCAR, 2014; PINTO, 2014) e nos estudos sobre identidades de gênero (BUTLER, 1997, 2000, 2003) com foco nas masculinidades (CONNELL, 1995; CONNELL; MESSERSCHMIDT, 2013; ALBUQUERQUE, 2000, 2003, 2010). O quadro analítico inclui as categorias avaliação, explicitação de autoimagem (PINTO, 2014) e retórica sinonímica (FIORIN, 2014). Os resultados indicam que a masculinidade forrozeira se constitui na performatividade que reproduz uma tradição nordestina de sentidos e valores sobre “o homem regional”, mas que, ao mesmo tempo, instaura outros modelos igualmente hegemônicos no âmbito das masculinidades. Concluímos salientando a necessidade de tematizar e problematizar sentidos naturalizados que, eventualmente, possam estar na base de desigualdades de gênero, exclusões, estigmas e objetificação feminina.  

https://doi.org/10.20396/cel.v64i00.8666917
PDF

Referências

ALBUQUERQUE JÚNIOR, D. M. Cabra macho, sim senhor!: identidade regional e identidade de gênero no Nordeste. Territórios e Fronteiras, Cuiabá, MT, v. 1, n.1, p. 25-39, set./dez. 2000.

ALBUQUERQUE JÚNIOR, D. M. Nordestino: uma invenção do falo – uma história do gênero masculino (Nordeste – 1920/1940). Maceió: Edições Cataventa, 2003.

ALBUQUERQUE JÚNIOR, D. M. Maquina de fazer machos: gênero e práticas culturais, desafio para o encontro das diferenças. In: MACHADO, C; SANTIAGO, I; NUNES, M (Orgs.). Gêneros e práticas culturais: desafios históricos e saberes interdisciplinares [online]. Campina Grande: EDUEPB, 2010.

ALENCAR, C. N; Pragmática cultural: uma visada antropológica sobre os jogos de linguagem. In: SILVA, D; MARTINS FERREIRA; ALENCAR, C (Orgs), 2014.

ALENCAR, C. N.; MARTINS FERREIRA, D. Noção de Contexto: Problemática Conceitual. Ad infinitium, ad nauseam. Caderno Linguagem e Sociedade, Cidade, Estado, Unb, v.13, n.3, pp.187-201, 2012.

ALENCAR, C. N.; SOUSA, A; BRITO, G. Nova Pragmática: uma proposta crítica e emancipatória para a Linguística Aplicada. In: LIMA, A; PITA, J; SOARES, M. Linguística Aplicada: os conceitos que todos precisam saber. São Paulo: Piamenta Cultural, 2020.

AUSTIN, J. How to do things with words. Cambridge: Harvard University Press, 1962.

BASTOS, L; MOITA LOPES, L. (Orgs). Estudos de identidade: entre saberes e práticas. Rio de Janeiro: Garamond, 2001.

BUTLER, J. Excitable speech: a politics of the performative. New York: Routledge, 1997.

BUTLER, J. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do sexo. In: LOURO, G. (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

CAMERON, D. et al. Ethcs, advocacy and empowerment: issus of method in researching language. Language and Communication, Oxford, v.3, n.2, p.81-94, 1993.

CONNEL, R. Políticas da masculinidade. Revista Educação e Realidade, Porto Alegre/RS, v.20, n. 2, p.185-206, jul./dez. 1995.

CONNELL, R; MESSERSCHMIDT, J. Masculinidade hegemônica: repensando o conceito. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 21, n.1, p. 241-282, janeiro-abril, 2013.

DERRIDA, J. Assinatura, acontecimento, contexto. In: DERRIDA, J. Limited Inc. Campinas, SP: Papirus, 1991.

FABRÍCIO, B; PINTO, J. Inclusão e exclusão sociais em práticas discursivo-identitárias: microrresistências e possibilidades de agenciamento. In: PINTO, J; FABRÍCIO, B (Orgs.). Exclusão social e microrresistências: a centralidade das práticas discursivo-identitárias. Goiânia: Cânone Editorial, 2013.

FIORIN, J. Figuras de retórica. São Paulo: Contexto, 2014.

HALL, S. Quem precisa de identidade? In: SILVA, T. (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.

LOPES, A. Pragmática engajada: performances de resistência no funk carioca. In: SILVA, D, MARTINS FERREIRA; ALENCAR, C (Orgs), 2014.

MARTINS FERREIRA, D. O simbólico na ecologia da linguagem: processo designativo. Revista Todas as Letras, São Paulo, SP, v.7, n.2, p. 65-71, 2005.

MARTINS FERREIRA, D. Identidade feminina no espaço político: percurso simbólico na ecologia da linguagem. In: RAJAGOPALAN, K; MARTINS FERREIRA, D. Políticas em linguagem: perspectivas identitárias.São Paulo: Editora Mackenzie, 2006a.

MARTINS FERREIRA, D. Não pense, veja: o espetáculo da linguagem no palco do fome zero. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2006b.

MARTINS FERREIRA, D; ALENCAR, C. Por uma ‘nova pragmática emancipatória’. Trabalhos em Linguística Aplicada. Campinas, n(52.2): 271-285, jul./dez. 2013.

MOITA LOPES, L. Socioconstrucionismo: discurso e identidade social. In: MOITA LOPES, L (Org.). Discursos de identidade: discurso como espaço de construção de gênero, sexualidade, raça, idade e profissão na escola e na família. Campinas-SP: Mercado de letras, 2003.

MUNIZ, K. Linguagem e identificação: uma contribuição para o debate sobre ações Afirmativas para negros no Brasil. 2009. 202 f. Oirentador: Kanavillil Rajagopalan. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem/ IEL, Universidade Estadual de Campinas/ UNICAMP, Campinas, 2009. Versões impressa e eletrônica.

PINTO, J. O corpo de uma teoria: marcos contemporâneos sobre os atos de fala. Cadernos Pagu, nº. 33. julho-dezembro. Campinas, 2009.

PINTO, J. Linguagem, feminismo e efeitos de corpo. In: SILVA, D; AUTORA; ALENCAR, C. (Orgs), 2014.

RAJAGOPALAN, K. Por uma linguística crítica: linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

RAJAGOPALAN, K. Nova pragmática: fases e feições de um fazer. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

RAJAGOPALAN, K; MARTINS FERREIRA, D. Políticas em linguagem: perspectivas identitárias.São Paulo: Editora Mackenzie, 2006a.

SEARLE, J. A filosofia da linguagem de John Searle: força, significação e mente. Savas L. Tsohatzidis (Org.) (Compilador) São Paulo: UNESP, 2013.

SILVA, D. Dilma eleita pelos nordestinos? Sobre a circulação de atos de fala violentos. Linguagem em Foco. Revista do Programa de Pós-graduação em Linguística Aplicada da UECE. Fortaleza, EdUECE, v. 2, n. 2, p.29-38, 2010.

TROTTA, F. O Forró eletrônico no Nordeste: um estudo de caso. Revista INTEXTO, Porto Alegre, RG. v. 1, n. 20, p. 1-15, janeiro/junho 2009.

WITTGESTEIN, L. Investigações filosóficas. In: Os pensadores: Wittgenstein e Moore. São Paulo: Nova Cultural, 1989.

YAGUELLO, M. Les mots et les femmes: essai d’approche sociolinguistique de la condition féminine. 3. ed. Paris: Payot, 1987.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

Copyright (c) 2022 Cadernos de Estudos Linguísticos

Downloads

Não há dados estatísticos.