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Intelectuais, história e pensamento brasileiro: escravidão, trabalho e educação no “América Latina – males de origem” de Manoel Bomfim
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Palavras-chave

Intelectuais. Educação. Trabalho e parasitismo social

Como Citar

COSTA, Jean Carlo de Carvalho; GALVÍNCIO, Amanda; ESPINDOLA, Maíra Lewtchuk. Intelectuais, história e pensamento brasileiro: escravidão, trabalho e educação no “América Latina – males de origem” de Manoel Bomfim. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, SP, v. 10, n. 37, p. 183–204, 2012. DOI: 10.20396/rho.v10i37.8639673. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8639673. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

O período da escravidão é entendido por intelectuais brasileiros entre os séculos XIX eXX, como um momento “torpe” da nossa história, reconfigurada, porém, essa visão aindapersiste, no período pós-escravocrata. Dentre estas, destaca-se a de Manoel Bomfim (1868-1932) e o seu “A América Latina: males de origens” (1905). Bomfim argumenta que otrabalho escravo, implantado na América do Sul, pelas metrópoles Ibéricas, estavaestreitamente ligado ao processo parasitário dessas nações. A tese do “parasitismo social” écentral na obra desse autor, pois é a partir dela que ele elabora uma interpretação ancoradanas noções de ‘dominador’ e ‘dominado', tendo a ela subjacente a idéia de compreender osprocessos formadores da nacionalidade dessas sociedades. A condição imposta pelotrabalho escravo gerou efeitos desastrosos a essas nações, trazendo à baila implicaçõeshistóricas perniciosas a sua “vida econômica, política, social e moral”, pois, a essesindivíduos, era negada a realização de um “trabalho inteligente”, na medida em que não seproporcionou uma educação para a criação de uma “população agrícola rural, ativa,laboriosa, educada e fortalecida pelo trabalho”. O argumento central deste artigo é o fatode que esses “efeitos gerais” causados pelo “parasitismo” influenciaram o descompassoexistente entre as nações Sul- Américas e as nações denominadas “adiantadas”, sendo aeducação o diagnóstico que minimizaria esse hiato.
https://doi.org/10.20396/rho.v10i37.8639673
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