Resumo
Durante sua permanência no Chile (1964 – 1969), Paulo Freire reencontrou-se com o materialismo dialético e histórico e aprofundou as leituras das obras de Karl Marx e Friederich Engels. No entanto, entre os autores marxistas com os quais entrou em contato quem mais o impressionou foi Antonio Gramsci (1893 – 1937). Iremos, pois, neste artigo, aproximar conceitos de Gramsci com outros de Paulo Freire (1921 – 1997), à luz, no caso de Freire, em especial, da obra intitulada Pedagogia do Oprimido e, no que diz respeito a Gramsci, usaremos, em particular, os Quaderni del carcere, edição de 1975. Procuramos, também, verificar o que pensam Freire e Gramsci sobre a educação do educador. Freire começou a refletir sobre a educação e a colocar em prática suas ideias pedagógicas a partir, em especial, da metade da década de 1950, enquanto Gramsci, italiano, desenvolveu sua obra política, sociológica e filosófica, em particular, de 1916 a 1937. Freire centrou sua atenção sobre aqueles que ele chamava de “oprimidos” do capitalismo periférico, isto é, sobre aqueles a quem a “palavra havia sido negada”; Gramsci centrou sua reflexão e sua ação, particularmente, sobre os operários italianos e sobre os que sofriam a opressão fascista na Itália. Tanto em um caso quanto no outro, tratava-se do Estado utilizando continuamente a força (coerção) e às vezes a persuasão (formação da mentalidade) para exercitar o poder de maneira a não ter qualquer tipo de oposição; Freire buscou em autores, sobretudo europeus, mas também norte-americanos (Horace Mann, C. Rogers, J. Dewey), as idéias que poderiam lhe oferecer elementos teóricos sólidos para construir um “edifício‟ epistemológico capaz de dar sustentação a uma teoria da educação que tivesse condições de nutrir uma prática pedagógica libertadora; Gramsci buscou as categorias filosóficas e sociológicas que serviram de base para sua reflexão e sua ação, particularmente em Karl Marx, F. Engels, e Lênin.
Referências
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