Resumo
Este texto apresenta uma análise sobre a constituição das escolas técnicas no Paraná no início do século XX, tendo como eixo central da discussão a relação entre o trabalho e a educação. Primeiramente, a análise centra-se sobre a institucionalização dos abrigos para os menores, como forma de retirar os delinqüentes e desvalidos que perambulavam pelos centros urbanos. Num segundo momento, a análise incide sobre a formação do trabalhador para a agricultura e os interesses do governo em racionalizar e aumentar a lucratividade deste setor. Este texto discute as iniciativas para a organização do ensino agrícola no Brasil e em especial no Paraná, e procura compreender o papel desempenhado pelo ensino destas instituições escolares. Essas escolas eram destinadas aos filhos de agricultores, entretanto, sua gênese reside na criação dos patronatos e dos abrigos para menores, cujo objetivo era atender à infância desvalida do Estado. O ensino agrícola tinha, portanto, um duplo sentido: o primeiro seria a formação da mão de obra para os filhos de agricultores e a consequente melhoria da produção agrícola, em virtude do uso de técnicas e máquinas modernas; e o segundo, sob a égide do assistencialismo, seria a utilização do trabalho agrícola como um instrumento disciplinador do futuro trabalhador.
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