Resumo
O texto tem como objetivo resgatar a concepção de filosofia da história que emerge dos Cadernos do cárcere de A. Gramsci, um autor que mostra uma fecunda relação dialética não apenas entre filosofia e política, mas, também, entre filosofia e história. Ao longo da investigação destaca-se a ligação de Gramsci com Hegel e Marx, mas, se colocam particularmente em evidência as diferenças entre eles. Desta forma, o foco das atenções é direcionado sobre os aspectos inovadores que o marxista italiano desenvolve ao interpretar a história moderna, as formas que assume a burguesia na consolidação do seu poder e as novas estratégias de lutas das classes subalternas para conquistar a hegemonia e criar um Estado de caráter nacional-popular. Para Gramsci, o mundo moderno não é apenas a história da burguesia e da “revolução passiva”, mas é também a época em que emergem novos sujeitos políticos que procuram se organizar com uma “vontade coletiva nacional-popular”. Uma “vontade” que Gramsci nunca separa da “necessidade histórica”, de modo a formar nas lutas populares uma “consciência operosa”, ou seja, uma visão lúcida da realidade inseparável da ação política eficaz.
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