Banner Portal
Educação da população negra brasileira na formação da identidade nacional
PDF

Palavras-chave

Educação escolar. População negra. Marginalizações. Identidade nacional

Como Citar

FELIPE, Delton Aparecido; TERUYA, Teresa Kazuko. Educação da população negra brasileira na formação da identidade nacional. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, SP, v. 15, n. 64, p. 111–133, 2015. DOI: 10.20396/rho.v15i64.8641931. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8641931. Acesso em: 12 out. 2024.

Resumo

Este artigo tem como objetivo discutir a relação entre a educação da população negra e a formação da identidade nacional brasileira. Utiliza-se para isso, o eixo explicativo dos Estudos Culturais, somado as teorizações foucaultianas, argumenta-se que para organizar o Brasil frente às transformações que estavam ocorrendo no mundo no final de século XIX e início do século XX, a educação escolar foi vista como uma dos caminhos que levaria o país rumo ao desenvolvimento econômico e com isso equiparar-se às nações europeias. No entanto, na formação do Estado moderno brasileiro, houve uma série de dispositivos de marginalização da população negra como as políticas de branqueamento, mito democracia racial e os discursos sobre a miscigenação. Apesar dessas marginalizações, houve também uma série de denúncias, em especial, dos movimentos negros desses processos de exclusão e é nesse contexto de resistência uma identidade nacional eurocêntrica que a educação escolar passou a ser vista pelos negros e pelas negras como um espaço essencial para a inclusão de suas caraterísticas culturais e politicas na identidade nacional. Conclui-se que apesar de algumas reivindicações dessa população ser incorporada no projeto de brasilidade, é necessário perguntar como essas marginalizações, que foram historicamente construídas, localizam a negritude no tecido social atualmente.

https://doi.org/10.20396/rho.v15i64.8641931
PDF

Referências

ALBURQUERQUER JUNIOR, Durval Muniz de. História: a arte de inventar o passado. Revista Aulas, Campinas, SP, n. 4, abr./ jul. 2007. Disponível em: http://www.unicamp.br/~aulas/Conjunto%20III/r4.pdf. Acesso em: 13 out. 2013

ANDREWS, George R. Desigualdade racial no Brasil e nos Estados Unidos: uma comparação estatística. Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, n. 22, p. 47-83, set. 1992.

BACCI, Maria. 500 anos de demografia brasileira: uma resenha. Revista Brasileira de Estudos de População, Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p. 141- 159, jan./jun. 2002.

BARROS, Surya Aaronovich Pombo. Negrinhos que por ahiandão: a escolarização da população negra em São Paulo (1870-1920). 2005. Dissertação (Mestrado)- FEUSP, São Paulo, 2005.

BENTO, Maria Silva. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: BENTO, Maria Silva; CARONE, Iracy (Org.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. p. 23-58.

BRASIL. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez.1996.

BRASIL. Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 jan. 2003.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília, DF, 2004.

CADERNOS Canto Nagô do ilê aiyê. África Ventre Fértil do Mundo, Salvador, n. 6, p.27 -35, 1988.

CAMPOS, Maria José. Arthur Ramos: Luz e Sombra na Antropologia Brasileira: uma versão da democracia racial no Brasil nas décadas de 1930 e 1940. 2002. Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP, São Paulo, 2002.

CANDAU, Vera Maria; MOREIRA, Antonio Flávio. Educação Escolar e Cultura(s): construindo caminhos. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n. 23, p.157-168, maio/ago. 2003.

CARVALHO, Marta. A Escola e a República. São Paulo: Brasiliense, 1989.

CARNEIRO, Edson. Em 80 anos de abolição. Cadernos Brasileiros, Rio de Janeiro, p. 88-106, 1968.

CASTRO, Edgardo. Vocabulário de Foucault: um percurso pelos seus temas, conceitos e autores. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

CRUZ, Manoel de Almeida. Alternativas para combater o racismo: um estudo sobre o preconceito racial e o racismo. Uma proposta de intervenção científica para eliminá-los. Salvador: Núcleo Cultural Afro-Brasileiro, 1989.

CUNHA, Lídia Nunes. A população negra e os conteúdos ministrados na escola normal e nas escolas públicas primárias de Pernambuco, de 1919 a 1934. In: ROMÃO, Jeruse (Org.). História da Educação dos negros e outras Histórias. Brasília, DF: SECAD, 2005. p. 221-248.

DA MATTA, Roberto. Digressão: a fábula das três raças, ou o problema do racismo à brasileira. In: ______. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Rocco. 1987. p. 58-85.

DEMARTINI, Zeila de Brito Fabri. A escolarização do negro na cidade de São Paulo nas primeiras décadas do século. Ande: Revista da Associação Nacional de Educação, São Paulo, n. 14, p.147-163, 1989

DOEBBER, Michele Barcelos. Do ideário do branqueamento ao reconhecimento da negritude: biopolítica, educação e questão racial no Brasil. In: VALENTIM, Silvani dos Santos; PINHO, Vilma Aparecida de; GOMES, Nilma Lino (Org.). Relações étnico-raciais, educação e produção do conhecimento: 10 anos do GT 21 da Anped. Belo Horizonte: Nandyala, 2012. p. 133.

DOMINGUES, Petrônio. Movimento negro brasileiro: alguns apontamentos históricos. Tempo [online], Rio de Janeiro, v.12, n. 23, p. 100-122, 2007.

FELIPE, Delton Aparecido. Narrativas para alteridade: o cinema na formação de professores e professoras para o ensino de história e cultural afro-brasileira e africana na educação básica. 2009. 152 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2009.

FELIPE, Delton Aparecido; TERUYA, Teresa Kazuko. Nota sobre as políticas em prol do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana na educação escolar. Revista HISTEDBR on-line, Campinas, SP, v. 39, p. 250-266, set. 2010.

FELIPE, Delton Aparecido; TERUYA, Teresa Kazuko. O negro no pensamento educacional brasileiro na Primeira República (1889 -1930). Revista HISTEDBR on-line, Campinas, SP, v. 27, p. 112-126, set. 2007.

FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Ática, 1978. v. 1, 2.

FONSECA, Marcus Vinicius. Pretos, pardos, crioulos e cabras nas escolas mineiras do século XIX. 2007. Tese (Doutorado)-Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

FOUCAULT, Michel. Estratégias, poder-saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.

FOUCAULT, Michel. Repensar a política. Tradução de Ana Lúcia Paranhos Pessoa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010. (Coleção ditos e escritos, v. 6)

GADELHA, Sylvio. Biopolítica, governamentalidade e educação: introdução e conexões a partir de Michel Foucault. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

GARCIA, Renísia Cristina. Identidade fragmentada: um estudo sobre a história do negro na educação brasileira: 1993-2005. Brasília, DF: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2007.

GIROUX, Henry Atos impuros: a prática política dos estudos culturais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003.

GIROUX, Henry. Por uma pedagogia da branquidade. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 107, p. 97-132, jul. 1999b.

GIROUX, Henry. Redefinindo as fronteiras da raça e da etnicidade: além da política do pluralismo. In: ______. Cruzando as fronteiras do discurso educacional: novas políticas em educação. Porto Alegre: Artes Médica, 1999a. p. 133-174.

GUIMARÃES, Antonio Sergio. Classes, raças e democracia. São Paulo: Editora 34, 2002.

GUIMARÃES, Antonio Sergio. Democracia racial: o ideal, o pacto e o mito. Novos Estudos Cebrap, São Paulo, v. 20, n. 61, p. 147-162, 2001.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

HILSDORF, Maria Lucia Spedo. História da Educação Brasileira. São Paulo: Thompson, 2005.

HOFBAUER, Andréas. Uma história de branqueamento ou o negro em questão. São Paulo: Unesp, 2006.

KAERCHER, Gládis Elise Pereira da Silva. O mundo na caixa: gênero e raça no Programa Nacional Biblioteca da Escola: 1999. Porto Alegre: UFRGS, 2005.

LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. São Paulo: J. Olympio, 2002.

LOPES, Neusa. Enciclopédia Brasileira da diáspora africana. São Paulo: Selo Negro. 2004.

MACIEL, Maria Eunice. A Eugenia no Brasil. Revista Anos 90, Porto Alegre, n. 11, p. 121-143, jul. 1999.

MAESTRI, Mario. A pedagogia do medo: disciplina, aprendizado e trabalho na escravidão brasileira. In: STEPHANOU, Maria; BASTOS, Maria Helena Câmara (Org.). História e Memória da Educação no Brasil (século XVI e XVIII). Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. p. 192-210.

MANIFESTO dos Pioneiros da Educação Nova: a reconstrução educacional do Brasil. Ao povo e ao Governo. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1932.

MARTÍNEZ-ECHAZÁBAL, Lourdes. O culturalismo dos anos 30 no Brasil e na América Latina: deslocamento retórico ou mudança conceitual? In: MAIO, Marcos (Org.). Raça, ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996. p. 107-124.

MAUÉS, Maria Angélica Motta. Da „branca senhora‟ ao „negro herói‟: a trajetória de um discurso racial, Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, n. 21, p. 125-138, 1991.

MOREIRA. Antonio Flávio. Currículo, diferença cultural e diálogo. Dossiê da Diferença. Educação & Sociedade, Campinas, SP, ano 23, n. 79, p. 15-38, 2002.

MUNANGA, Kabenguele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.

NASCIMENTO, Maria do. A estratégia da desigualdade: o movimento negro dos anos 70. 1989. Dissertação (Mestrado)- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1989.

NASCIMENTO. Abadias; NASCIMENTO, Elerkin. Reflexões sobre o Movimento Negro no Brasil, 1938-1997. Tirando a máscara. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 203-235.

OLIVEIRA, Laiana Lannes de. A frente negra brasileira: política e questão racial nos anos 1930. 2002. Dissertação (Mestrado)-Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2002.

PERES, Eliane. Sob(re) o silêncio das fontes ... a trajetória de uma pesquisa em história da educação e o tratamento da questões étnico – raciais. Revista Brasileira de História da Educação, São Paulo, n. 4, p.33-47, jun./dez. 2002.

PIOVESAN, F. Igualdade de gênero na Constituição Federal: os direitos civis e políticos das mulheres no Brasil. In: DANTAS, et al. (Org.). Os alicerces da redemocratização. Brasília, DF: Senado Federal: Instituto Legislativo Brasileiro, 2008. v. 1, p. 349-377. (Coleção Constituição de 1988: o Brasil 20 anos depois).

QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Identidade cultural, identidade nacional no Brasil. Tempo Social: Revista de Sociologia USP, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 18-37, 1989.

RODRIGUES, Raimundo Nina. Os africanos no Brasil. 3. ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1999.

SACRISTAN, Gimeno. Pós-modernidade: a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo: Ática, 2001.

SANTOS, Joel Rufino dos. Movimento negro e crise brasileira. In: SANTOS, Joel Rufino dos; BARBOSA, Wilson do Nascimento. Atrás do muro da noite dinâmica das culturas afro-brasileiras. Brasília, DF: Ministério da Cultura: Fundação Cultural Palmares, 1999. p. 141-157.

SANTOS, José Antônio. Etnicidade nação e cultura: intelectuais negros – educação e militância. 2002. Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2002.

SCHELBAUER, Analete Regina. Idéias que não se realizam: o debate sobre a educação do povo no Brasil de 1870 a 1914. Maringá: EdUEM,1997.

SERRANO, Carlos; WALDMAN, Mauricio. Memórias d ́África: a temática africana em sala de aula. São Paulo: Cortez, 2007.

SEVCENKO, Nicolau. A revolta da vacina: mentes insanas em corpos rebeldes. São Paulo: Brasiliense, 1984.

SILVA, Petronilha Beatriz; BARBOSA, Lúcia. Pensamentos Negros em Educação: expressões do Movimento Negro. São Carlos: Ed. da Universidade Federal de São Carlos, São Carlos,1997.

SILVÉRIO, Valter R. Ação afirmativa: percepções da “casa grande” e da “senzala”. In: BARBOSA; Silva; Silvério (Org.). De preto a afro-descendente: trajetória de pesquisa sobre relações étnicos-raciais no Brasil. São Carlos: EdUFSCAR, 2004. p. 321-342.

SOUZA, Rosa Fátima. Espaço da educação e da civilização: origens dos grupos escolares no Brasil. In. SAVIANI, Dermeval. O legado educacional do século XIX. São Paulo: Autores Associados, 1998. p.19-62.

TADEI, Emanuel Mariano. A mestiçagem enquanto um dispositivo de poder e a constituição de nossa identidade nacional. Psicologia Ciência Profissão, v. 22, n. 4, p. 2-13, 2002. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/pcp/v22n4/02.pd. Acesso em: 25 jun. 2013.

VEIGA, Cyntia. Crianças negras e mestiças no processo de institucionalização da instrução elementar, Minas Gerais, século XIX. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 3, 2004, Curitiba. Anais... Curitiba: Sociedade Brasileira de História da Educação, 2004. p.75-93

VEIGA-NETO, Alfredo. Princípios norteadores para um novo paradigma curricular: interdisciplinaridade, contextualização e flexibilidade em tempos de Império. In: VEIGA, Ilma P. A.; NAVES, Marisa Lomônaco. Currículo e avaliação na Educação Superior. Araraquara: Junqueira & Marin, 2005. p. 25-51.

Revista HISTEDBR On-line utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.