Resumo
O jornal Diabo Coxo (1864-1865), publicado por Ângelo Agostini (1843-1910) e Luís Gama (1830-1882) na província de São Paulo, destacou-se por utilizar caricaturas como estratégias na compreensão de fatos sociais e dos interesses de classe emanados tanto da elite local como da vinculação com o governo imperial. A hipótese é de que influenciou na educação política do povo na província paulista a partir das imagens caricatas que ilustravam os fatos cotidianos, da conjuntura social, política e econômica. Esse quadro, com as ilustrações, permitia aos iletrados a compreensão das condições de vida exatamente como se apresentavam na realidade. A imagem e a representação do fato eram suficientes para por o leitor em contato com a realidade e, a partir dela, refletir o significado do cotidiano social e das decisões imperiais e de seus dirigentes. A imprensa do século XIX colaborou e faz parte do conjunto de ações educativas desse período. Nesse sentido, o objetivo deste artigo será discutir como o jornal utilizou-se da caricatura como arma crítica contra as instituições imperiais representantes das forças atrasadas da nação brasileira, transformando-as em subsídio educativo.
Referências
AGOSTINI, Angelo. O Diabo Coxo. São Paulo: EDUSP, 2005 (Edição fac-similar).
CAGNIN, Antonio Luiz. 130 anos do Diabo Coxo: o primeiro periódico ilustrado de São Paulo, 1864-1994. Comunicação e Educação, São Paulo, v. 1, p. 15-46, set. 1994.
CARVALHO, José Murilo. A construção da ordem: a elite política imperial: teatro de sombras: a política imperial. 2. ed. rev. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, Relume Dumará, 1996.
COSTA, Camilo F. Riani-. Linguagem & Cartum... tá rindo do quê? In: INTERCOM-SBEIC. Anais. XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Salvador/BA, 1 a 5 set 2002. Disponível em: http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/69208210912106167039727179422688187903.pdf
COTRIN, Álvaro. O Rio na Caricatura. Exposição organizada pela Seção de Exposições da Biblioteca Nacional e patrocinada pelo Jornal do Brasil, como contribuições aos festejos do 4o Centenário da Cidade. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1965. Disponível em: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_iconografia/ icon693341.pdf. Acesso em: 20 jul. 2015.
ENCICLOPÉDIA INTERCOM DE COMUNICAÇÃO. São Paulo: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2010. Disponível em: http://www.ciencianasnuvens.com.br/site/wp-content/uploads/2013/07/Enciclopedia-Intercom-de-Comunica%C3%A7%C3%A3o.pdf. Acesso em: 20 jul. 2014.
FARIA FILHO, Luciano Mendes; CHAMON, Carla Simone; ROSA, Walquiria Miranda. Educação Elementar: Minas Gerais na primeira metade do século XIX. Belo Horizonte: UFMG, 2006.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio. 7. ed. Curitiba: Editora Positivo, 2008.
GALLOTTA, B. Ciro. Humor nos periódicos paulistanos: o Diabo Coxo (1864-1865) e o Cabrião (1866-1867). Intercon – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, São Paulo, p. 1-12, maio/jun. 2007.
GAWRYSZEWSKI, Alberto. Conceito de caricatura: não tem graça nenhuma. Domínios da Imagem, Londrina, ano 1, n. 2, p. 7-26, maio 2008.
HERMES, Gilmar Adolfo. As ilustrações jornalísticas: definição e história. In: ENCONTRO NORDESTE DE HISTÓRIA DA MÍDIA, 2., 2012. Teresina. Anais... : Teresina: EDUFPI, 2012. p. 1-15.
LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. A formação da leitura no Brasil. São Paulo: Ática, 1996.
LIMA, Herman. História da caricatura no Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1963.
LOBATO, Monteiro. Idéias de Jeca Tatu. São Paulo: Brasiliense Limitada, 1946.
MOREIRA, Luciano Silva da. Imprensa e opinião pública no Brasil Império: Minas Gerais e São Paulo (1826-1842). 2011. 264 f. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.
PALLARES-BURKE, Maria Lucia G. A imprensa periódica como uma empresa educativa no século XIX. Caderno de Pesquisa, São Luis: UFMA, n. 104, p. 144-161, jul. 1998.
PERIOTTO, Marcília Rosa. A espiral do progresso e a felicidade da nação. 2001. 201 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Campinas, SP, 2001.
PIRES, Maria da Conceição Francisca. Ângelo Agostini na história das ideias e dos intelectuais do Brasil. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA: TEMPO PRESENTE & USOS DO PASSADO, 4., 2010, Ouro Preto. Cadernos de Resumo... Outro Preto: EdUFOP, 2010. p. 1-11.
SANCHOTENE, Carlos Renan Samuel. Mídia, humor e política: a charge da televisão. Rio de Janeiro: E-papers, 2011.
SANTOS, Délio Freire dos. Introdução. In: AGOSTINI, Ângelo; CAMPOS, Américo de; REIS, Antônio Manoel dos. Cabrião: semanário humorístico: 1866-1867. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora UNESP, Imprensa Oficial do Estado, 2000. p. 11-14.
RAMOS, Everardo. Origens da imprensa ilustrada brasileira (1820-1850): imagens esquecidas, imagens desprezadas. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2008.
A Revista HISTEDBR On-line utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.