Resumo
Esse artigo se propõe a apresentar a discussão sobre os assentamentos rurais como novo elemento na estrutura fundiária do Brasil e como resultado de uma política assistencialista do Estado aos excluídos da Reforma Agrária, bem como espaço de reprodução da força de trabalho de um exército de reserva de mão de obra a ser empregado sazonalmente, geralmente de forma precarizada. Contraditoriamente os assentamentos rurais se constituem, potencialmente, em locais alternativos de moradia, trabalho e socialização como também espaços de formação política, qualificação técnica agrícola e educação escolar. Esse último aspecto, formação, qualificação e educação é objeto de análise apresentado nesse texto, para tanto, delimitamos o assentamento Mário Lago, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizado no município de Ribeirão Preto. Desta forma, tal artigo apresenta em sua introdução o problema da Questão Agrária e Reforma Agrária no Brasil, seguido de um breve percurso da história do MST a partir de seus Congressos. Na sequência é apresenta a história, a organização e os espaços de formação política, qualificação técnica e educação escolar do referido assentamento. Após essa contextualização, é apontado a necessidade de se aprofundar os estudos e análises acerca da reestruturação produtiva no campo no final do século XX e início do XXI; a tese que a Reforma Agrária foi realizada pelo regime civil-militar de 1964-1985 consolidando a Revolução Burguesa no Brasil; dos assentamentos rurais enquanto política compensatória aos excluídos da Reforma Agrária e locais de produção de subsistência e exército de reserva de força de trabalho sazonal e precarizada.
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