Resumo
Nos dias atuais a memória veio para o primeiro plano das questões acadêmicas, de certa maneira deslocando discretamente a história. Considero a memória o principal nutriente da história. Mas não se identifica com ela. A memória é bem mais confiável e objetiva do que se poderia supor. E a história, tendo progredido teórica e metodologicamente, apresenta-se hoje como uma ciência da qual é justo esperar resultados bem mais significativos para o indivíduo e a sociedade do que o historicismo relativista faria crer. Nem sempre a sociedade se lembra; muitas vezes, a sociedade, e em especial a sua camada dominante, esquece-se. A memória lembra e a história recompõe o movimento da sociedade humana no tempo. A história cultural é legítima, não porque toda história seja cultural, mas porque é possível uma história do âmbito cultural com relativa autonomia. A história cultural tem seu âmbito próprio, sem deixar de ser história. E a história da educação acaba também por se constituir como campo autônomo, dotado de objeto próprio, ainda que tangenciando outras disciplinas históricas ou com elas caminhando junto. Por fim, nunca é demais reiterar que a história deve ser vista de um ponto de vista globalizante e unitário. E a história da educação, especialidade disciplinar recente, ganha legitimidade justamente na medida em que se articula com a totalidade histórica. Com essa condição, ela pode estudar objetos mínimos como certas instituições escolares individuais, mas com subordinação ao processo geral da institucionalização escolar, dentro do processo histórico da escolarização da educação, que por sua vez se situa no processo mais amplo da produção manufatureira, que por seu turno é um episódio da cooperação produtiva, que constitui uma realização histórica do processo de produção material da existência, que é, ao fim e ao cabo, a determinação básica de toda a história.
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