Resumo
O artigo retoma o debate sobre a forma escolar, afirmando que esta educa sobretudo pelas relações sociais que desenvolve. Entendemos que a forma escolar materializa conteúdos de formação, de modo que a escola inteira ensina para as relações sociais de produção. Compreende que a forma escolar hegemônica é burguesa dado o isomorfismo com as relações próprias da sociedade capitalista, seu modelo é a empresa e se destaca a redução da atividade dos estudantes a uma expressão do trabalho abstrato, simples e alienado. Como contraponto, assinalamos as experiências na Rússia socialista e contemporaneamente no Movimento Sem Terra - MST, as quais nos permitem identificar outra forma escolar, tendo como pressuposto a coletividade. As análises sobre as relações sociais na escola são articuladas com a teoria marxista da educação e com a pedagogia soviética, as quais oferecem sustentação teórica ao artigo, tendo por base estudos e pesquisas desenvolvidos pela autora. Os autores de referência são Enguita, Freitas, Dardot e Laval, Vigotski, Davidov, Pistrak, Shulgin e Suchodolski.
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