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Rituais, festas e lira cacerense: Iniciativas de implantação da escola primária republicana na fronteira Brasil Bolívia (1910-1913)
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Palavras-chave

Cultura material. Festas cívicas. Mato Grosso

Como Citar

BRAZIL, Maria do Carmo; SILVA, Adriane Cristine. Rituais, festas e lira cacerense: Iniciativas de implantação da escola primária republicana na fronteira Brasil Bolívia (1910-1913). Revista HISTEDBR On-line, Campinas, SP, v. 12, n. 45, p. 310–329, 2012. DOI: 10.20396/rho.v12i45.8640151. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8640151. Acesso em: 18 abr. 2024.

Resumo

O tempo da inauguração da República brasileira (1889) foi também o tempo da invenção da escola primária pautada nos princípios e projetos do novo regime. Os espaços escolares deviam ser organizados e animados, por meio do agenciamento urbano e da edificação, como símbolos dos novos valores educacionais incorporados doravante pela sociedade moderna. O objetivo desta abordagem foi discutir as dimensões históricas da escola primária instalada num dos rincões do oeste do país, mais precisamente a sudoeste do Estado de Mato Grosso. Erguida com seus vastos pátios e guarnecida de suas alfaias e paramentos essa escola representava o palco para a expressão do imaginário social e locus da ação política da Republica em sua magnífica pompa litúrgica. Com esse caráter a instituição lograva visibilidade social e, ao mesmo tempo, ajudava a revigorar princípios culturais vivenciados pela sociedade. O recorte temporal envolveu o período compreendido entre 1910-1913, primeiros anos do processo de surgimento do Grupo Escolar Espiridião Marques, implantado na cidade de Cáceres, MT (fronteira Brasil-Bolívia), com destaque analítico para as relações sociais aquilatadas pela civilidade, civismo e outras devoções do interesse público. Nesta reflexão os rituais e festas foram tomados como parte do “sistema simbólico” que à luz do referencial de Pierre Félix Bourdieu (1989), cumpre a função política de legitimar ou garantir as relações de poder.  Recorremos às informações contidas, sobretudo, no Jornal a “Razão” e no Jornal “Argos”, ambos de circulação local, fontes de onde emergem algumas representações da difusão das ações da Republica em Matos Grosso, impressos em suas dimensões simbólicas e pedagógicas.

https://doi.org/10.20396/rho.v12i45.8640151
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