Resumo
Tomando como eixo a instalação Identidad, exposta em Buenos Aires em 1998, pensaremos as imagens como fantasmas em permanente aparição e desaparição. A instalação, idealizada pelo Centro Cultural Recoleta em parceria com as Abuelas de Plaza de Mayo, foi uma das estratégias para trazer à luz um evento obscuro da era ditatorial: o roubo de filhos de desaparecidos. Entre retratos e espelhos, vemos o aparecer e o desaparecer dos corpos – corpos presentes, ausentes, esperados. O espelho guarda a possibilidade latente de refletir o rosto do filho perdido, também o nosso próprio rosto, como se cada espectador pudesse ser, ele mesmo, aquilo que se busca. Se os velhos retratos nos afirmam o passado, o espelho evoca o presente – o nosso corpo presente – e o dever moral de jamais nos esquecermos.
Referências
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