Resumo
Quando os mortos morrem, eles estão mortos? Como eles resistem ao esquecimento? Podem os objetos que ficam contar quem eles foram ou o que fizeram? A partir do arquivo privado acumulado por um casal de imigrantes desenvolvo nesse artigo algumas análises sobre a construção desse acervo e as relações entre o campo cultural carioca e a produção de indumentária na década de 1960. Os museus de arte moderna brasileiros, principalmente o MAM-RJ, apareceram como importantes instituições de difusão de modernidades. A ideia do rústico fundamentou no período uma dimensão industrial que se apoiava na produção de grupos étnicos como garantia de singularidade. Essa coleção de documentos explicitou o uso do espaço privado como dimensão política para a construção dessa modernidade particular atravessada por gênero, classe e raça.
Referências
ALMEIDA, Juliano Florczak. Bom Jardim dos Santos: plantas, religiosidades populares e seus fluxos em Guarani das Missões (RS). Editora URGS, Porto Alegre, 2016.
ANASTASSAKIS, Zoy. Triunfos e impasses. Lina Bo Bardi, Aloisio Magalhães e o design no Brasil. Lamparina, Rio de Janeiro, 2014.
BAUDRILLARD, Jean. O sistema dos objetos. São Paulo: Perspectiva, 2004.
BONADIO, Maria Cláudia. A produção acadêmica sobre moda na pós-graduação stricto sensu no Brasil. In: Iara – Revista de moda, cultura e arte. São Paulo, 2010, vol. 3, n. 3, p. 50-146.
BONADIO, Maria Cláudia. As modelos negras na publicidade de moda no Brasil dos anos 1960. Visualidades. Revista do programa de mestrado em cultura visual, v. 7, n. 2, Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2009. ISSN 2317-6784.
CATÃO, Brisa; BARBOSA, Gabriel Coutinho. Botos bons, peixes e pescadores: sobre a pesca conjunta em Laguna (Santa Catarina, Brasil). Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 69, abr. 2018, p. 205-225.
CHAMPAGNE, Patrick. La fête au village. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, vol. 17-18, 1977, pp. 73-84.
CHATAIGNIER, Gilda. História da moda no Brasil. Edição Estação das Letras e Cores, São Paulo, 2010.
CORRÊA, Mariza. Antropólogas e antropologia, Belo Horizonte, Editora da UFMG, 2003.
INGOLD, Tim. Estar vivo. Ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Editora Vozes, Rio de Janeiro, 2011.
LATOUR, Bruno. Ciência em ação. Como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo, Ed. Unesp, 2000.
LATOUR, Bruno; WOOLGAR, Steve. A vida de laboratório: a produção dos fatos científicos. Rio de Janeiro, Relume Dumará, 1997.
MCCLINTOCK, Anne. Couro Imperial. Raça, genero e sexualidade no embate colonial. Campinas, SP. Editora Unicamp, 2010.
MILLER, Daniel. Teoria das compras. O que orienta as escolhas dos consumidores. Nobel, São Paulo, 2002.
OKIN, Susan Moller. Gênero, o público e o privado. Revista de Estudos Feministas, vol. 16 n. 2, Florianópolis, maio-ago. 2008. Disponível em ˂http://dx.doi.org/10.1590/S0104-026X2008000200002˃.
PEDRO, Caroline Gabriel. Pietro Maria Bardi, cronista em revista: 1976-1988. Dissertação (Mestrado)– FAU-USP, 2014.
QUEIROZ, Andréa Cristina de Barros. A República de Ipanema da cidade maravilhosa. Anais do XV Encontro Regional de História da ANPUH-RIO, 2012.
REINHEIMER, Patricia. Candido Portinari e Mário Pedrosa. Uma leitura antropológica do embate entre figuração e abstração no Brasil. Garamond, Rio de Janeiro, 2014.
SIMMEL, Georg. O estrangeiro, RBSE, vol. 4, n. 12, dez. 2005.
SIMIONI, Ana Paula. Regina Gomide Graz: modernismo, arte têxtil e relações de gênero no Brasil. Revista do IEB, n. 45 p. 87-106, set. 2007.
SOUZA, Gilda Melo e. O espírito das roupas. A moda no século dezenove. Companhia das Letras, 1987 [1950].
STALLYBRASS, Peter. O casaco de Marx: roupas, memória, dor. Tradução de Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008 (3. ed.).
THOMAS, Nicholas. Possessions: Indigenous Art/Colonial Culture. New York: Thames and Hudson, 1999.
VASSALLO, Simone Pondé. Entre objetos da ciência e vítimas de um holocausto negro: Humanização, agência e tensões classificatórias em torno das ossadas do sítio arqueológico Cemitério dos Pretos Novos, Interseções [Rio de Janeiro] v. 20 n. 1, jun. 2018, p. 36-66.
VELHO, Gilberto. Projeto, emoção e orientação em sociedades complexas. In: Idem. Um antropólogo na cidade. Ensaios de antropologia urbana. Editora Zahar, Rio de Janeiro, 2013.
_____. A Utopia Urbana: um estudo de antropologia social. Rio de Janeiro: Zahar, 1989.
_____. Individualismo e cultura. Notas para uma antropologia da sociedade contemporânea. Rio de Janeiro: Zahar, 1987.
Fontes etnográficas
BENTO, Antonio. "Vestido-objeto de Olly". Última Hora. 20 ago. 1969. MROW-G 35.
Casa & Decoração. Rio de Janeiro, Editora Vecchi, Ano IX, n. 53, out. 1979. MROW-G-82.
Casa Vogue. Rio de Janeiro, mar. 1976. MROW-G 90.
GOROVITZ, Mona. Moda e consumo de massa. In: Mirante das artes, etc., São Paulo, 1967.
JORNAL DO BRASIL. Tecidos de Olly no MAM-RJ. Rio de Janeiro, 10 e 11 ago. 1969. MROW-G 64-A.
JORNAL DO BRASIL. Arte carajá é motivo para nova moda. 1º caderno, 6 set. 1969a. Capa da Revista de Domingo. MROW-G 06.
MA-78. Manuscrito avulso. Acervo Olly e Werner,s.d.
REVISTA INTERIOR E DECORAÇÃO. Simplicidade e bom-gôsto fazem casa de artista. Rio de Janeiro, 1966. MROW-G-80.
PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1969. MROW-Li 08.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Copyright (c) 2019 MODOS