Da “representação das sobras” à “reantropofagia”
PDF

Palavras-chave

Arte indígena. Arte contemporânea. Antropologia e arte. Arte não-Ocidental. Re-antropofagia.

Como Citar

GOLDSTEIN, Ilana Seltzer. Da “representação das sobras” à “reantropofagia”: Povos indígenas e arte contemporânea no Brasil. MODOS: Revista de História da Arte, Campinas, SP, v. 3, n. 3, p. 68–96, 2019. DOI: 10.24978/mod.v3i3.4304. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/mod/article/view/8663183. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

Tanto a Antropologia como a História da Arte alargaram seus repertórios conceituais e sua abrangência geográfico-temporal, aumentando suas interfaces. A partir deste diálogo interdisciplinar, o presente artigo trata de obras e projetos que floresceram a partir de 2015, nos quais questões, visualidades e criadores indígenas adentraram o sistema das artes no Brasil. Com base em pesquisa de campo e análise de catálogos, são apresentadas as exposições A queda do céu (2015), Da Pedra Da Terra Daqui (2015), Adornos do Brasil indígena. Resistências contemporâneas (2017), Reantropofagia (2019) e Vaievem (2019), entre outras; artistas indígenas como Denilson Baniwa, Jaider Esbell, Daiara Tukano, Ibã Huni Kuin e Gustavo Caboco. Conclui-se que a arte constitui uma nova arena na luta dos povos indígenas por visibilidade, tanto em termos políticos como estéticos. Por outro lado, constata-se grande distância entre os dois universos: estabelecer conexões e traduções permanece um grande desafio.

https://doi.org/10.24978/mod.v3i3.4304
PDF

Referências

ALMEIDA, M.B. de. Caipora e outros conflitos ontológicos. R@u . Revista de Antropologia da UFSCar, vol. 5, n. 1, 2013, pp. 7- 28.

ANJOS, M. dos. Cães sem plumas: os despossuídos na arte contemporânea brasileira. Lua Nova n. 96, pp. 163-175, 2015.

_____. Arte índia. Zoom - Revista de Fotografia, coluna de junho de 2016. Disponível em: ˂https://revistazum.com.br/colunistas/arte-india/˃. Acesso em 22 jul. 2019.

_____. A arte brasileira e a crise da representação. Zoom - Revista de Fotografia, coluna de 7 de julho de 2017. Disponível em: ˂https://revistazum.com.br/colunistas/crise-de-representacao/˃. Acesso em 22 jul. 2019.

BARCELOS NETO, A. Apapaatai: rituais de máscaras no Alto Xingu. São Paulo: EDUSP/FAPESP, 2008.

BAUMGARTEN, J. Novas tendências na história da arte: museus e universidades. Palestra proferida no MASP em março de 2016. Disponível em: ˂https://www.youtube.com/watch?v=hWBMFr0RY58˃. Acesso em 20 jul. 2019.

_____. Barroco Global – aspectos transculturais e transhistóricos: algumas reflexões preliminares. Revista de História da Arte e da Arquitetura, n. 24, 2014, pp. 21-28.

BAXANDALL, M. O olhar Renascente. Pintura e Experiência Social da Itália da Renascença. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1991.

BELTING, H. O fim da história da arte: uma revisão dez anos depois. São Paulo: Cosac & Naify, 2006a.

BELTING, H. Contemporary Art and the Museum in the Global Age. Forum Permanente de Museus, 2006b. Disponível em: ˂http://www.forumpermanente.org/en/journal/articles/contemporary-art-and-the-museum-in-the-global-age-1˃. Acesso em 29 jul. 2019.

BELTING, H. Bild-Anthropologie. Entwürfe für eine Bildwissenschaft. München: Wilhelm Fink Verlag, 2001.

BERBERT, P. Tecendo redes de alianças afetivas: algumas notas sobre arte indígena contemporânea e práticas curatoriais. Monografia. Pós-graduação Lato Sensu em Estudos e Práticas Curatoriais. São Paulo, Fundação Armando Álvares Penteado, 2019.

BERTOLOSSI, L. Arte enquadrada e gambiarra. Identidade, circuito e merado de arte no Brasil. Tese (Doutorado em Antropologia Social). São Paulo: Universidade de São Paulo, 2014.

BOAS, F. Arte Primitiva. Lisboa: Fenda Edições, 1996.

BOURDIEU, P. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo/Porto Alegre: EDUSP/Zouk, 2007.

_____. O Amor pela arte. São Paulo: EDUSP/Zouk, 2003.

CESARINO, P. A escrita e os corpos desenhados: transformações do conhecimento xamanístico entre os Marubo. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 55 n. 1, 2012, pp. 75-137.

_____. Conflitos de pressupostos na Antropologia da Arte. Relações entre pessoas, coisas e imagens. Revista Brasileira de Ciências Sociais vol. 32, n. 93, 2017, pp. 1-17.

CLIFFORD, J. The Predicament of Culture. Massachussetts: Harvard University Press, 1998.

COLOMBRES, A. Teoría Transcultural del Arte. Hacia um pensamento visual independiente. Buenos Aires: Ediciones del Sol, 2005.

CORDOVA, D. Z. de. Colecionadores, coleções particulares e o mercado brasileiro de arte contemporânea. Ouvirouver v. 13, n. 2, jul-dez 2017, pp. 468-479.

DIMITROV, E. Regional como opção, regional como prisão: trajetórias artísticas no modernismo pernambucano. Tese (Doutorado em Antropologia Social). São Paulo: Universidade de São Paulo, 2014.

DINATO, D. R. Os caminhos do MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin). Dissertação (Mestrado em Antropologia Social). Universidade Estadual de Campinas, 2018.

EISBELL, J. Arte indígena contemporânea e o grande mundo. Select, n. 39, ano 7, 2018 (a), pp. 98-103.

_____. Iluminuras v. 19, n. 46, jan-jul 2018 (b), pp. 11-39.

ESCOBAR, T. El mito del arte y el mito del pueblo. Santiago: Ediciones Metales Pesados, 2008.

FERNANDES, C. O legado antigo entre transferências e migrações. Topoi v. 15, n. 28, pp. 338-346, 2014.

GEERTZ, C. A arte como sistema cultural. In: Idem. O Saber Local. Novos ensaios em antropologia interpretativa. Petrópolis: Vozes, 1997.

GELL, A. A rede de Vogel: armadilhas como obras de arte e obras de arte como armadilhas. Arte e Ensaios: Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, Escola de Belas Artes – UFRJ, n. 8, 2001, pp. 174-191.

_____. Art and agency. An anthropological theory. Oxford: Clarendon Press, 1998.

GOLDSTEIN, I. S; DIMITROV, E; FRANÇOSO, M. C. Entrevista com Benoit de L’Estoile. PROA – Revista de Antropologia e Arte n2. v.1, pp. 1-9, 2010. Disponível em: ˂https://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/proa/article/view/2420˃. Acesso em 20 jul. 2019.

GOLDSTEIN, I.S.; LABATE, B. C. Encontros artísticos e ayahuasqueiros: Reflexões sobre a colaboração entre Ernesto Neto e os Huni Kuin. Mana, vol.23, n. 3, 2017, pp. 437-471.

HARRISON, C.; FRASCINA, F.; PERRY, Gill. Primitivismo, Cubismo e Abstração: começo do século XX. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.

HEINICH, N. L'art contemporain exposé aux rejets. Nimes: Jacqueline Chambon, 1998 (a).

_____. Le triple jeu de l’art contemporain. Paris: Éditions de Minuit, 1998 (b).

HUG, A. O papagaio de Humboldt. Rio de Janeiro: Instituto Goethe / Instituto Telemar / Oi Futuro / 19 Design e Editora, 2015.

INGOLD, T. Key Debates in Anthropology. London and New York: Routledge, 1996.

JAENISCH, D. B. Poéticas e Políticas da Relação: Apontamentos a partir da ação de Ailton Krenak na Assembléia Constituinte e seu deslocamento para espaços de arte contemporânea. Iluminuras, v. 18, n. 43, 2017.

LAGROU, Els. Antropologia e Arte: uma relação de amor e ódio. Ilha. Revista de Antropologia v. 5, n.2, dez. 2003, pp. 93-113.

KNORR-CETINA, K. Scientific Comunities or Transepistemic Arenas of Research? A Critique of Quasi-Economic Model of Science. In: Social Studies of Science, v. 12, n. 1, 1982, pp. 101-130.

KOPENAWA, D.; ALBERT, B. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

KRENAK, A. As alianças afetivas. Entrevista a Pedro Cesarino. In: BIENAL SÃO PAULO. Incerteza Viva. Dias de estudo. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2016, pp. 169-188.

KRENAK, A. O Eterno Retorno do Encontro. In: NOVAES, Adauto (org.). A Outra Margem do Ocidente. Brasília/São Paulo: Minc-Funarte/Companhia Das Letras, , 1999, pp. 23-31.

MEDEIROS, M.; CASTRO, T. O que é a cultura visual? Revista de Comunicação e Linguagem n. 47, 2017, pp. 1-6.

MITCHELL, W. J. T. Picture Theory. Essays on Verbal and Visual Representation. Chicago: The University of Chicago Press, 1994.

MORPHY, H. Arte como um modo de ação: alguns problemas com Art and Agency de Gell. PROA: Revista de Antropologia e Arte, v. 1, n. 3, 2011, s.p.

MUSEU DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO (org.). 34º Panorama da arte brasileira. Da pedra Da terra Daqui [catálogo]. São Paulo: MAM, 2015.

PAÇO DAS ARTES; SESC (orgs.). A queda do céu [catálogo]. São Paulo: Paço das Artes/SESC, 2015.

PAÇO DAS ARTES (org.). Temporada de projetos 2015. Curadoria Gabriel Bogossian [catálogo]. São Paulo: Paço das Artes, 2015.

PRICE, S. Primitive Art in Civilized Places. Chicago: University of Chicago Press, 2001.

QUEMIN, A. Le rôle des pays prescripteurs sur le marché et dans le monde de l'art contemporain. Paris: Ministère des Affaires Etrangères, 2001.

_____. Les stars de l'art contemporain. Paris: Editions du CNRS, 2013.

SAMAIN, E. As Mnemosyne(s) de Aby Warburg: Entre Antropologia, Imagem e Arte. Revista Poiésis, n. 17, 2011, pp. 29-51.

SEVERI, C. O espaço quimérico: percepção e projeção nos atos do olhar. In: Carlo Severi e Els Lagrou (orgs.). Quimeras em diálogo: grafismo e figuração nas artes indígenas. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2013, pp. 25-66.

SESC/MAE USP (orgs.). Adornos do Brasil indígena. Resistências contemporâneas. [catálogo]. São Paulo: SESC, 2015.

VINCENT, N. Mundos incertos sob um céu em queda: o pensamento indígena, a antropologia e a 32a Bienal de São Paulo. Revista de Antropologia v. 60 n. 1, 2017, pp. 653-661.

WARBURG, A. Imagens da região dos índios Pueblo da América do Norte. Concinnitas – Revista do Instituto de Artes da UERJ, ano 6, vol. 1, n. 8, 2005, pp. 8-29.

WESTERMANN, M. (org.). Anthropologies of art. Williamstown, Mass.: Sterling and Francine Clark Art Institute, 2005.

WUNDER, A.; ROMAGUERA, A. “Des-objetos” de Bené Fonteles – entrevista. Climacom, ano 4, n. 10, 2017, s.p.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2019 MODOS

Downloads

Não há dados estatísticos.