Os limites do pop global e de suas exposições
PDF

Palavras-chave

Arte pop global
nova figuração brasileira
cânone
exposições
curadoria.

Como Citar

MEDEIROS, Alexandre Pedro de. Os limites do pop global e de suas exposições: Uma crítica brasileira ao pop expandido. MODOS: Revista de História da Arte, Campinas, SP, v. 2, n. 3, p. 51–65, 2018. DOI: 10.24978/mod.v2i3.1304. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/mod/article/view/8663226. Acesso em: 25 abr. 2024.

Resumo

As exposições International Pop (Walker Art Center, Minneapolis, 2015-2016) e The World Goes Pop (Tate Modern, Londres, 2015-2016) reabriram a discussão sobre a arte pop e a apresentaram enquanto um fenômeno global. O viés de ambas as exposições esteve pautado em discussões levantadas pelas antropologia e história da arte nas últimas duas décadas em torno da noção de arte global, a qual, segundo Hans Belting, estaria envolvida com a problematização e deslocamento do cânone modernista universalista baseado na noção de hegemonia artística. A partir disso, alguns museus, principalmente localizados nos Estados Unidos e no Reino Unido, vêm realizando mostras que intentam formular cânones expandidos movidos por uma espécie de obsessão pelo global. Assim, perguntamo-nos se o que vem sendo operado em algumas exposições não é uma “retórica do global”, no sentido de um uso dessa concepção como uma chave de aparência multiculturalista a fim de manter as dinâmicas de hegemonia artística, a qual seria reafirmada pelas megainstituições que detém o poder discursivo de inserir a arte de “outros” em uma história da arte dita global. Este artigo analisa essa problemática a partir de um estudo de caso que considera essas exposições como núcleos irradiadores de questões teóricas, históricas e críticas relativas à produção artística brasileira dos anos 1960 que tem sido lida na chave da pop, principalmente àqueles trabalhos participantes das mostras.

https://doi.org/10.24978/mod.v2i3.1304
PDF

Referências

ALEXANDER, Darsie; RYAN, Bartholomew. International Pop. Minneapolis: Walker Art Center, 2015. Catálogo de exposição, 11 abr.-29 ago. 2015, Walker Art Center, Minneapolis; 11 out. 2015-17 jan. 2016, Dallas Museum of Art; 18 fev.-15 mai. 2016, Philadelphia Museum of Art.

ALVARADO, Daisy V. M. Peccinini de. Objeto na arte: Brasil anos 60. São Paulo: Fundação Armando Álvares Penteado, 1978.

_____. Figurações Brasil anos 60: neofigurações fantásticas e neo-surrealismo, novo realismo e nova objetividade. São Paulo: Itaú Cultural; Edusp, 1999.

AMARAL, Aracy. Dos carimbos à bolha [1968]. In: _____. Arte e meio artístico (1961-1981): entre a feijoada e o x-burguer. São Paulo: Nobel, 1983, p. 145-149.

BELTING, Hans. O fim da história da arte: uma revisão dez anos depois. São Paulo: Cosac Naify, 2006.

_____. Contemporary Art as Global Art: a critical estimate. In: BELTING, Hans; BUDDENSIEG, Andrea (Eds.). The global art world: audiences, markets, and museums. Ostfildern: Hatje Cantz, 2009, p. 38-73.

_____. Contemporary art and the museum in the global age. Disputatio – Philosophical Research Bulletin, Salamanca, v. 1, n. 2, p. 16-30, dez. 2012. Disponível em:<https://disputatio.eu/vols/vol1-no2/belting-contemp-art/>. Acesso em: 29 mar. 2018.

BOIS, Yve-Alain. L’exposition dans la pratique de l’historien d’art. Art press, Paris, n. 21, jan. 2000, p. 48-53. (Numéro spécial: Oublier l‘exposition).

CABAÑAS, Kaira. O monolinguismo do global. O que nos faz pensar, Rio de Janeiro, v. 26, n. 40, p. 119-134, jan.-jun. 2017. Disponível em:<http://www.oquenosfazpensar.fil.puc-rio.br/index.php/oqnfp/article/view/552>. Acesso em: 29 mar. 2018.

CAUQUELIN, Anne. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

COUTO, Maria de Fátima Morethy. Arte engajada e transformação social: Hélio Oiticica e a exposição Nova Objetividade Brasileira. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 25, n. 49, p. 71-87, jan.-jun. 2012. Disponível em:<http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/3798/2832>. Acesso em: 29 mar. 2018.

DUARTE, Paulo Sergio. Anos 60: transformações da arte no Brasil. Rio de Janeiro: Campos Gerais, 1998.

FOSTER, Hal. The first Pop age: painting and subjectivity in the art of Hamilton, Lichtenstein, Warhol, Richter, and Ruscha. Princeton and Oxford: Princeton University Press, 2012.

JAMESON, Fredric. “Fim da arte” ou “fim da história”? In: _____. A virada cultural: reflexões sobre o pós-modernismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006, p. 125-154.

JOSELIT, David. “International Pop” and “The World Goes Pop”. Artforum, v. 54, n. 5, jan. 2016. Disponível em:<https://www.artforum.com/inprint/issue=201601&id=56702>. Acesso em: 17 abr. 2018.

LIPPARD, Lucy (Org.). A arte pop. São Paulo: Verbo; Edusp, 1976.

LIVINGSTONE, Marco. Pop art: a continuing history. New York: Thames and Hudson, 2000.

MORAIS, Frederico. Colonialismo cultural. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 11 out. 1967. 2ª Seção, p. 3.

MORGAN, Jessica; FRIGERI, Flavia (Eds.). The world goes pop. New Haven and London: Yale University Press, 2015. Catálogo de exposição, 17 set. 2015-24 jan. 2016, Tate Modern, London.

MYERS, Allison. International Pop. caa.reviews – a publication of the College Art Association. 20 out. 2016. Disponível em:<http://www.caareviews.org/reviews/2835>. Acesso em: 29 mar. 2018.

OITICICA, Hélio. Esquema geral da Nova Objetividade. In: FERREIRA, Glória & COTRIM, Cecilia (Orgs.). Escritos de artistas: anos 60/70. Rio de Janeiro: Zahar, 2006, p. 154-168.

OLIVEIRA, Liliana Helita Torres Mendes de. A Pop Art analisada através das representações dos Estados Unidos e do Brasil na IX Bienal Internacional de São Paulo, em 1967. Dissertação (Mestrado em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, 1993, 320 f.

PEDROSA, Mário. Do Pop americano ao sertanejo Dias. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 29 out. 1967. 4º Caderno, p. 1.

_______. Mundo, homem, arte em crise. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2007.

REIS, Paulo Roberto de Oliveira. Exposições de arte – vanguarda e política entre os anos 1965 e 1970. Tese (Doutorado em História) – Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2005, 213f. Disponível em: . Acesso em: 17 set. 2017.

RESTANY, Pierre. Os novos realistas. São Paulo: Perspectiva, 1979.

RUBLOWSKY, John. Pop art. New York: Basic Books, 1965.

SALZSTEIN, Sônia. Cultura pop: astúcia e inocência. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, v. 3, n. 76, p. 251-261, nov. 2006. Disponível em: <http://novosestudos.uol.com.br/wp-content/uploads/2017/05/07_cultura_pop.pdf.zip>. Acesso em: 17 abr. 2018.

SCHENBERG, Mario. Pensando a arte. São Paulo: Nova Stella, 1988.

ZANINI, Walter (Org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 2.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2018 MODOS

Downloads

Não há dados estatísticos.