Resumo
Este artigo é fruto de uma reflexão produzida em minha tese de doutorado em Artes Visuais e tem o propósito de pensar os sentidos e significados dos conceitos de artesanato e arte popular. A partir de uma pesquisa realizada com mulheres ceramistas do povoado de Passagem, zona rural do município de Barra (Oeste baiano), e da análise da situação social, racial e econômica dos sujeitos que produzem essa arte, examinarei as interconexões entre gênero, raça, classe social e território como um dado importante para compreender a marginalização dessa produção e sua definição como não arte pelos sistemas das artes. Neste processo de tensões e contradições, e com base na constatação de que as chamadas artes populares e o artesanato são produzidos em grande medida por mulheres, não devemos perder de vista as situações de exclusão e de desvalorização do papel das mulheres negras, indígenas e afro-indígenas, especialmente as artesãs, no sistema das artes visuais.
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