“Quem adora as imagens adora o diabo”
PDF

Palavras-chave

Iconoclastia
Marie-Josè Mondzain
estética contemporânea.

Como Citar

HUSSAK VAN VELTHEN RAMOS, Pedro. “Quem adora as imagens adora o diabo”: Reflexões sobre iconoclastia no Brasil. MODOS: Revista de História da Arte, Campinas, SP, v. 3, n. 1, p. 133–143, 2019. DOI: 10.24978/mod.v3i1.3308. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/mod/article/view/8662937. Acesso em: 29 mar. 2024.

Resumo

A partir de um enunciado inscrito em um muro no centro do Rio de Janeiro, este artigo pretende fazer uma reflexão sobre uma tendência iconoclasta verificável no Brasil de hoje. Dois aspectos são enfocados: em primeiro lugar, alguns exemplos do que se pode chamar de “iconoclastia neo-pentecostal” contra expressões culturais afro-brasileiras. A este respeito, analisar-se-á a reação de setores neo-pentecostais à obra Tridente de Nova Iguaçu do artista contemporâneo Alexandre Vogler, na qual a imagem de um Tridente, símbolo que pertence à iconografia das religiões afro-brasileiras, foi tomada como um símbolo diabólico. Em segundo lugar, a forte reação conservadora contra a arte contemporânea hoje no Brasil, em particular o que se observou na exposição Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, ocorrida no Centro Cultural Santander-Porto Alegre em 2017. Neste caso, diante de acusações infundadas de “pedofilia”, “zoofilia”, “blasfêmia”, o banco patrocinador decidiu cancelar a exposição. Pretende-se sustentar que ambos fenômenos não são isolados, mas estão articulados em uma “cultura iconoclasta” de fundo religioso que domina certos setores da sociedade brasileira. Como marco teórico, evoca-se particularmente o livro L'image peut-elle tuer? no qual a autora Marie-José Mondzain retorna aos debates iconoclastas em Bizâncio para pensar a circulação das imagens na contemporaneidade.

https://doi.org/10.24978/mod.v3i1.3308
PDF

Referências

AGAMBEN, Giorgio. O reino e a glória. Tradução Selvino J. Assmann. São Paulo: Boitempo, 2015.

GROYS, Boris. Arte e poder. Trad. Virginia Starling. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2015.

LINHARES, Monica. Entre a cruz e o tridente: espertezas simbólicas. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS. TRANSVERSALIDADES NAS ARTES VISUAIS, 18., 2009. Salvador. Anais... Salvador: EDUFBA, 2009, p.2439-2450.

MONDZAIN, Marie-José. Imagem, ícone, economia: as fontes bizantinas do imaginário contemporâneo. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013.

_____. L’image peut-elle tuer? Paris: Bayard, 2015 [2011].

RANCIÈRE, Jacques. Le spectateur émancipé. Paris:La Fabrique, 2008.

_____. Partage du sensible. Paris: La Fabrique, 2014 [2000].

SCHWARCZ, Lilia. A obra de Adriana Varejão e nossa cena do interior. Nexo Jornal. 25 set. 2017. Disponível em <https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2017/A-obra-de-Adriana-Varejão-e-nossa-Cena-de-Interior>. Acesso em set. 2017.

TRAVERSO, Enzo. Mélancolie de gauche: la force d’une tradition cachée (XIXe.-XXe. siècle). Paris: La Découverte, 2016.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2019 MODOS

Downloads

Não há dados estatísticos.