Resumo
A partir de uma perspectiva decolonial do ensino, este artigo objetiva fazer uma reflexão sobre a dinâmica homogênea do ensino de ciências, a qual se comporta como veículo de reprodução de uma visão de mundo eurocentrada, visando universalizar o conhecimento ocidental em detrimento das demais culturas. Tal objetivo justifica-se na importância de analisarmos o espaço de prestígio que ainda é reservado para a racionalidade científica, a qual é propagada sem a devida contextualização histórico-filosófica. Tomaremos como base a poesia Eu-mulher de Conceição Evaristo, partindo do pressuposto de que um ensino eurocentrado exclui de seu bojo os grupos minorizados, principalmente a mulher negra.
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