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As interconexões da pedagogia crítica de Paulo Freire
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Palavras-chave

Educação. Paulo Freire. Ética. Formação.

Como Citar

SCOCUGLIA, Afonso Celso. As interconexões da pedagogia crítica de Paulo Freire. Filosofia e Educação, Campinas, SP, v. 10, n. 1, p. 200–232, 2018. DOI: 10.20396/rfe.v10i1.8652006. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/view/8652006. Acesso em: 16 abr. 2024.

Resumo

Desde seu início a pedagogia de Paulo Freire se alimenta das suas leituras de base, convergências e conexões com outros pensadores das ciências humanas/sociais e da educação. A partir dos ideais do catolicismo progressista e do nacionalismo-desenvolvimentista das décadas de 1950 e 1960 – presentes em suas obras Educação e atualidade brasileira (1959) e Educação como prática da liberdade (1984a) –, do progressismo marxista – presente de maneira crescente em Pedagogia do oprimido (1984b), Ação Cultural para a liberdade e outros escritos (1984c), Educação e mudança (1979) –, passando pelos “escritos africanos”, entre outros, até seu declarado “pós-modernismo progressista” – presente em Pedagogia da esperança (1996) –, muitos pensadores influenciaram Freire, em menor ou maior grau. Se Karl Jaspers (1958), Maritain (1966) e Lima Vaz et al. (1962), assim como os ideólogos do ISEB e John Dewey (1971), entre outros, marcaram suas ideias expostas inicialmente e até a metade dos anos 1960, Hegel (1966) e o marxismo “superestrutural” marcam a continuidade desenvolvida em Pedagogia do oprimido (1984b). De lá para cá, esta base foi misturada com as convergências e conexões de ideias que vão de Piaget a Gramsci, chegando às possibilidades de complementos, parcerias, extensões temáticas e reinvenções conceituais. Apesar do legado de Paulo Freire resultar dessas leituras, convergências e conexões, seu pensamento-ação nunca se deixou dominar/enjaular por nenhuma escola ou tendência ideológica. Ao contrário, reconhecendo a necessidade fundante de diálogos teóricos permanentes e tecendo uma obra sequiosa de complementações, construiu um pensamento original e crítico que marcou a pedagogia da segunda metade do século XX e, a nosso ver, demonstra uma prospecção atual vigorosa. Portanto, neste trabalho buscamos compreender as bases e as conexões do pensamento político-pedagógico de Paulo Freire, explicitadas ao longo do seu discurso e colocadas nos seus principais livros publicados no Brasil, percorrendo um itinerário de referências bibliográficas, aproximadamente cronológico, de sua produção escrita.

https://doi.org/10.20396/rfe.v10i1.8652006
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