Resumo
Na Pandemia da Covid-19, muitas instituições de ensino superior adotaram aulas remotas para manter o distanciamento social e garantir a continuidade dos estudos nesse período. Este artigo apresenta o processo de desenvolvimento e as evidências iniciais de validade da Escala Experiências Associadas ao Ensino Remoto, que contou com três etapas: 1) construção de 20 itens derivados de entrevistas e da adaptação de uma escala de domínio de habilidades de uso de novas tecnologias. Após a avaliação por juízes, a escala contou com 15 itens distribuídos em duas dimensões (autodisciplina e domínio tecnológico); 2) aplicação da escala a 971 universitários, de 17 instituições públicas e privadas, matriculados em cursos presenciais que durante a pandemia adotaram aulas remotas. As análises fatoriais exploratória e confirmatória indicaram uma estrutura bidimensional com 10 itens e bons indicadores psicométricos e de ajuste; 3) teste da relação da medida com os construtos de atitudes frente à educação a distância e desenvolvimento profissional; e comparação entre grupos de estudantes com ou sem experiência prévia na EaD. Tal relação positiva com ambas as variáveis foi confirmada, além de terem sido identificados escores mais elevados de adaptação ao ensino remoto entre os discentes que já tinham alguma experiência com a modalidade a distância. Os resultados permitem recomendar o uso da escala desenvolvida, com indicações de possíveis contribuições teóricas e práticas a partir da adoção da medida.
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