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Comida de quilombo e a desnutrição infantil na Amazônia Paraense
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Palavras-chave

Desnutrição crônica
Criança quilombola
Populações tradicionais
Segurança alimentar e nutricional
Programa bolsa família

Como Citar

CORRÊA, Nadia Alinne Fernandes; SILVA, Hilton Pereira da. Comida de quilombo e a desnutrição infantil na Amazônia Paraense: uma análise com base no mapeamento da insegurança alimentar e nutricional. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, SP, v. 29, n. 00, p. e022020, 2022. DOI: 10.20396/san.v29i00.8670218. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/san/article/view/8670218. Acesso em: 24 abr. 2024.

Resumo

As comunidades quilombolas enfrentam historicamente situações de vulnerabilidade, racismo e violência, isso têm refletido na organização social desses grupos, a ponto de configurar um estado grave de insegurança alimentar e nutricional. Este artigo analisa os níveis de vulnerabilidade em desnutrição de crianças quilombolas e não quilombolas no Estado do Pará, com idade abaixo de cinco anos, incluídas no Programa Bolsa Família. Trata-se de uma pesquisa empírica, quantitativa, com dados provenientes do Mapeamento da Insegurança Alimentar e Nutricional (Mapa InSan 2018). Os resultados indicam que a desnutrição é elevada segundo estatura-por-idade (36,1%) e peso-por-idade (8,4%), o que sugere que uma criança que não pertence a nenhuma comunidade tradicional tem 85% mais chances de viver em melhores condições do que uma criança quilombola no estado do Pará. A prevalência da insegurança alimentar e nutricional é ainda maior nos territórios quilombolas, o que reforça a vulnerabilidade dessa população.

https://doi.org/10.20396/san.v29i00.8670218
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