Banner Portal
ich spreche anders, aber das ist auch deutsch: línguas em Conflito em uma escola rural localizada em zona de imigração no sul do brasil
Remoto

Palavras-chave

Bilingüismo social. Minorias lingüísticas. Conflito lingüístico

Como Citar

FRITZEN, Maristela Pereira. ich spreche anders, aber das ist auch deutsch: línguas em Conflito em uma escola rural localizada em zona de imigração no sul do brasil. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 47, n. 2, p. 341–356, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8645166. Acesso em: 2 maio. 2024.

Resumo

O bilingüismo/multilingüismo como fenômeno social ainda é pouco reconhecido no cenário brasileiro, apesar de o tema ter conquistado espaço na academia. Em termos gerais, considera-se o Brasil um país monolíngüe, onde se fala apenas o português brasileiro. Há, no entanto, vários contextos de línguas minoritárias (grupos indígenas, grupos de imigrantes, zonas de fronteira, comunidades de surdos) em que o uso de várias línguas é a regra. Nesses contextos sociolingüisticamente complexos há relações assimétricas e de conflito entre a língua hegemônica e as línguas minoritárias, em geral estigmatizadas. O presente estudo, parte dos resultados de uma pesquisa etnográfica, focaliza o conflito lingüístico presente em uma escola rural localizada numa comunidade bilíngüe/multilíngüe em zona de imigração alemã no sul do país, onde, ainda hoje, as crianças aprendem em casa a língua de herança, empregada em âmbito familiar e social. Com suporte teórico predominantemente vindo do bilingüismo visto de uma perspectiva social e dos Estudos Culturais, o objetivo principal deste artigo é problematizar a situação de contato/ conflito lingüístico existente na região alvo da pesquisa e sua interface com questões de identidades construídas nos discursos hegemônicos. Além disso, discute-se como esses conflitos emergem nas relações interacionais entre os professores e entre alunos e professores, dentro da instituição escolar. Os registros sugerem que o bilingüismo da comunidade penetra na escola e que os conflitos lingüísticos e identitários ganham ainda mais força nas interações sociais entre os sujeitos que ali convivem.

ABSTRACT:

Bilingualism/multilingualism as a social phenomenon is still little recognized in the Brazilian scenario, despite it has gotten space in the academy. Usually, Brazil is seen as a monolingual country, where the Brazilian Portuguese is the only language spoken. There are, however, contexts of minority languages (indigenous groups, groups of immigrant, border regions, deaf communities) in which the use of several languages is the rule. In these sociolinguistically complex contexts there are both asymmetric and conflicting relations between the hegemonic language and minority languages, usually stigmatized. This study develops itself from the results of an ethnographic research, focusing the language conflict that is present in a rural school located in a bilingual/multilingual community in a region of German immigration in the south of the country, where, even nowadays, children learn at home the inherited language, which is used in the familiar and social contexts. With a theoretical basis mostly acquired from bilingualism analyzed from a social perspective and from the perspective of the Cultural Studies, the main aim of this article is to problematize the language contact/conflict situation existing in the target region and its interface with identity questions built in the hegemonic discourses. Moreover, it is discussed the way these conflicts emerge in the interactional relations between teachers and among teachers and students within school. The data suggests that the community’s bilingualism gets into school, and that the language and identity conflicts become even stronger within the social interactions among the individuals that live together in that space.

Keywords: social bilingualism; linguistic minorities; language conflict.

Remoto

Referências

ACHARD, P. (1989). Um Ideal Monolíngüe. In: Vermes, G.; Boutet, J. (orgs.) Multilingüismo. Trad.

Tânia Alkimin. Campinas: Editora da Unicamp, p. 31-55, 1987.

BAGNO, M. (2003). A Norma Oculta: língua e poder na sociedade brasileira. São Paulo: Parábola Editorial.

_______. (1999). Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola.

BAUMAN, Z. (2005). Identidade. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004.

_______. (2003). Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.

BHABHA, H. (1996). O Terceiro Espaço - uma entrevista com Homi Bhabha (Jonathan Rutherford).

Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, vol. 24, p. 34-41.

_______. (2003) O Local da Cultura. Trad. Myriam Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis; Gláucia Renate Gonçalves. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.

BLOM, J. P.; GUMPERZ, J. J. (1972). Social Meaning in Linguistic Structure: code-switching in Norway.

In: Gumperz, J. J.; Hymes, D. Directions in Sociolinguistics: the Ethnography of Communication.

New York: Holt, Rinehart e Winston, p. 407-434.

BORTONI-RICARDO, S. M. (2005). Nós Cheguemu na Escola, e Agora?: sociolingüística e educação.

São Paulo: Parábola Editorial.

_______. (2004). Educação em Língua Materna: a sociolingüística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial.

BOURDIEU, P. (1996). A Economia das Trocas Lingüísticas: o que falar quer dizer. Trad. Sérgio Miceli et alii. São Paulo: Edusp, 1982.

CAVALCANTI, M. C. (1999). Estudos sobre Educação Bilíngüe e Escolarização em Contextos de Minorias Lingüísticas no Brasil. DELTA, n. 15, p. 385-418.

CÉSAR, A.; CAVALCANTI, M. (2007). Do Singular ao Multifacetado: o conceito de língua como caleidoscópio. In: Cavalcanti, M.; Bortoni-Ricardo, S. M. (orgs.) Transculturalidade, Linguagem e Educação. Campinas: Mercado de Letras, p. 45-66.

ELIAS, N. (2000). Os Estabelecidos e os Outsiders: sociologia das relações de poder a partir de uma pequena comunidade. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994.

ERICKSON, F. (1982). Classroom Discourse as Improvisation: relationships between academic task structure and social participation structure in lessons. In: Wilkinson, L. C. (org.) Communicating in the Classroom. New York: Academic Press, p. 153-181.

FREEMAN, R. D. (1998). Bilingual Education and Social Change. Clevedon: Multilingual Matters LTD.

FERGUSON, C. A. (1974). Diglossia. In: Fonseca, M. S. V.; Neves, M. F. Sociolingüística. Trad. Maria da Glória Ribeiro da Silva. Rio de Janeiro: Eldorado, p. 99-117, 1959.

FISHMAN, J. A. (1971). Sociolinguistics: a brief introduction. Rowley: Newbury House Publishers.

FRITZEN, M. P. (2007). “Ich kann mein Name mit letra junta und letra solta schreiben”: bilingüismo e letramento em uma escola rural localizada em zona de imigração alemã no Sul do Brasil. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada). Universidade Estadual de Campinas.

GARDÈS-MADRAY, F.; BRÈS, J. (1989). Conflitos de Nominação em Situação Diglóssica. In: Vermes, G.; Boutet, J. (orgs.) Multilingüismo. Trad. Celene M. Cruz e Maria Helena L. Gimeno. Campinas: Editora da Unicamp, p. 155-173, 1987.

GROSJEAN, F. (1982). Life with Two Languages: an introduction to bilingualism. Cambridge, Mass: Harvard University Press.

HALL, S. (2000) Quem precisa de Identidade? In: Silva, T. T. (org.) Identidade e Diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, p. 103-133.

_______, S. (2003) Quando foi o Pós-colonial? Pensando no limite. In: Sovik, L. (org.) Da Diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora da UFMG, p. 101-128.

HAMEL, R. E. (1989). Determinantes sociolingüísticas de la educación indígena bilingüe. Trabalhos em Lingüística Aplicada, vol. 14, p. 15-66.

HORNBERGER, N. H. (2003). Criando Contextos Eficazes de Aprendizagem para o Letramento Bilíngüe.

In: Cox, M. I. P.; Assis-Peterson, A. A. (orgs.) Cenas de Sala de Aula. Campinas: Mercado de Letras, p. 23-50.

KLEIMAN, A. B. (org.) (2001). A Formação do Professor: perspectivas da lingüística aplicada. Campinas, SP: Mercado de Letras.

MAHER, T. M. (1997). O Dizer do Sujeito Bilíngüe: aportes da Sociolingüística. Anais do Seminário Desafios e Possibilidades na Educação Bilíngüe para Surdos. Rio de Janeiro: INES e Editora Littera Maciel.

_______. (2007). A educação do entorno para a interculturalidade e o plurilingüismo. In: Cavalcanti, M.

C.; Kleiman, A. B. (orgs.) Lingüistica Aplicada: suas faces e interfaces. Campinas: Mercado de Letras, p. 255-270.

MAILER, V. C. O. (2003). O Alemão em Blumenau: uma questão de identidade e cidadania. Dissertação (Mestrado em Lingüística). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

MARTIN-JONES, M. (s/d). Research on Bilingualism among Linguistic Minorities. In: Bright, W. (ed) Oxford International Encyclopedia of Linguistics, n. 12, New York: Working Paper Series, Centre for Language in Social Life, Lancaster University.

MOITA LOPES, L. P. (org.) (2003). Discursos de Identidades. Campinas: Mercado de Letras, p. 13-38.

QUEIROZ, R. (1949). Olhos azuis. Revista O Cruzeiro, n. 19, 19 de março de 1949.

RAJAGOPALAN, K. (1998). O conceito de identidade em lingüística: é chegada a hora para uma reconsideração radical? Trad. de Almiro Pisetta. In: Signorini, I. (org.) Lingua(gem) e Identidade.

Campinas: Mercado de Letras, p. 21-45.

ROMAINE, S. (1995). Bilingualism. Oxford: Blackwell.

SELTING, M; AUER, P.; BARDEN, B.; BERGMANN, J.; COUPER-KUHLEN, E.; GÜNTHNER, S.; MEIER, C.; QUASTHOFF, U.; SCHLOBINSKI, P. & UHLMANN, S. (1998). Gesprächsanalytisches Transkriptionssystem (GAT). Linguistische Berichte, n. 34, p. 91-122.

SEYFERTH, G. (1999). A colonização alemã no Brasil: etnicidade e conflito. In: Fausto, B. (org.) Fazer a América. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, p. 273-313.

SILVA, T. T. (org.) (2000). Identidade e Diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes.

_______. (2007). Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora Autêntica.

O periódico Trabalhos em Linguística Aplicada utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto, em que:

  • A publicação se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores;
  • Os originais não serão devolvidos aos autores;
  • Os autores mantêm os direitos totais sobre seus trabalhos publicados na Trabalhos de Linguística Aplicada, ficando sua reimpressão total ou parcial, depósito ou republicação sujeita à indicação de primeira publicação na revista, por meio da licença CC-BY;
  • Deve ser consignada a fonte de publicação original;
  • As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.