Resumo
Uma das características do racismo recreativo é a de estereotipar grupos a partir do humor e de personagens estereotipadas. Assim, se torna possível projetar comportamentos e valores sobre um grupo social minorizado, que se reduziria a alguns poucos comportamentos esperados. Por essa razão, o racismo recreativo tem como alvo pessoas não-brancas, ou seja, negros e, em menor grau, asiáticos e mestiços. O objetivo deste trabalho é examinar as estratégias discursivas de combate a tal racismo, recorrendo a um de seus principais instrumentos: o humor. Desejamos, assim, discutir quando um grupo minorizado assume esse mesmo procedimento discursivo para reelaborá-lo por meio da ironia, com o intuito de ressignificar determinadas práticas sociais ligadas a esse racismo recreativo. Como corpus, elegemos dois vídeos (“Coisas que asiáticos brasileiros sempre ouvem” e “Se asiáticos brasileiros fizessem perguntas que fazem para eles”) de um canal organizado no YouTube por um grupo de jovens artistas brasileiros/as de ascendência asiática, intitulado Yo Ban Boo. A partir do diálogo das teorias do discurso (semiótica discursiva e da análise do discurso), gostaríamos de discutir como os estereótipos são construídos nos vídeos selecionados, os modos como os asiáticos são, então, representados em uma identidade pouco diversa e como o humor pode ser usado para inverter os lugares de poder na interação entre brancos e não-brancos. Esperamos, assim, contribuir para uma espécie de pedagogia que principia o respeito à diversidade e à diferença que são atenuadas na constituição de tais tipos de discursos sobre grupos minorizados.
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