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Ideologias linguísticas e construções de subjetividades em materiais didáticos de língua inglesa
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Palavras-chave

Ideologia
Ideologia Linguística
Livro didático
Diversidade
Refugiado

Como Citar

CRUZ, Leonardo Dias. Ideologias linguísticas e construções de subjetividades em materiais didáticos de língua inglesa: um caso sobre refugiados. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 61, n. 1, p. 236–250, 2022. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8665704. Acesso em: 6 dez. 2024.

Resumo

É impossível pensar a história de ensino de línguas estrangeiras sem refletir sobre os livros didáticos (doravante, LDs). Os LDs assumiram um papel tão  significativo no âmbito do ensino de línguas que sua presença no processo educacional se torna frequentemente imperativa – ou pelo menos esperada e incentivada. Apesar de ser teoricamente um possível instrumento de democratização do acesso à língua estrangeira, o LD muitas vezes pode homogeneizar práticas de ensino e aprendizagem, apagando as subjetividades do alunado e oferecendo uma visão pasteurizada do mundo social. Considerando esse contexto, o presente trabalho objetiva investigar as ideologias linguísticas que orientam a construção da categoria social identificada como “refugiados” na coleção Raise Up!, caracterizada como uma coletânea de livros didáticos em prol da diversidade. A partir do construto teórico-analítico de ideologias linguísticas (WOORLARD, 1998; KROSKRITY, 2004) e dos processos semióticos de iconização, recursividade fractal e apagamento (IRVINE; GAL, 2000), entende-se que, na concepção teórica da coleção, o conceito de língua aponta para discursos de transformação da realidade social; no entanto, as atividades propostas ao longo de lições voltadas para alunos de nível intermediário ainda remontam à perspectiva de inglês como um sistema de signos hermeticamente fechado. Como consequência, a subjetividade em questão é arquitetada com base em uma “limpeza” de traços linguísticos, políticos e sociais, sinalizando uma ideologia linguística estruturalista, “purista” e alinhada ao pensamento moderno.

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