Banner Portal
Ensino de línguas como palco de política linguística: mobilização de repertórios sobre gênero
PDF

Palavras-chave

ensino de línguas
política linguística/educacional
gênero
subjetificação.

Como Citar

PESSOA, Rosane Rocha; HOELZLE, Maria José. Ensino de línguas como palco de política linguística: mobilização de repertórios sobre gênero. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 56, n. 3, p. 781–800, 2018. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8649840. Acesso em: 25 abr. 2024.

Resumo

Com o objetivo de discutir que o ensino de línguas é palco de política linguística (RAJAGOPALAN, 2011), começamos este artigo ressaltando que políticas linguísticas e educacionais são textos produzidos por múltiplas fontes e resultantes de muitas disputas (LOPES, 2006). Exemplificamos dois desses campos em disputa nos valendo do mais recente texto legal da Educação Básica, a Base Nacional Comum Curricular. O primeiro campo se refere ao estabelecimento da língua inglesa como componente curricular obrigatório da área de Linguagens nos Anos Finais do Ensino fundamental, e o segundo, à supressão dos termos gênero e orientação sexual do documento. Argumentamos também que as políticas influenciam, mas não determinam o que acontece nas práticas escolares (LOPES, 2006) e recorremos a Biesta (2015) para salientar que, em última instância, cabe às/aos professoras/es as decisões sobre os três propósitos educacionais – qualificação, socialização e subjetificação –, pelo fato de lidarem constantemente com situações novas que exigem julgamento contextual. Em seguida, evidenciamos que o enfoque do nosso grupo de pesquisa tem sido nos domínios subjetificação e socialização e que temos nos fundamentado em teorizações da Linguística Aplicada Crítica, da Pedagogia Queer e do Pensamento Decolonial. Por fim, apresentamos um breve recorte desse nosso trabalho, retirado de uma pesquisa de mestrado, cujo contexto foi uma sala de aula de língua inglesa de uma escola pública de Goiânia (AUTOR, 2016). Esse recorte, em que identidades de gênero são problematizadas, evidencia que, ao privilegiar a subjetificação e a socialização, não estamos fortalecendo o inglês, mas sim as pessoas que usam essa língua.

PDF

Referências

BALL, S. J. (1994). Education reform: a critical and post-structural approach. Buckinghan: Open University.

BASILIO, A. L. (2017). A sociedade perde ao não discutir gênero na escola. Carta Educação, 13 de abril de 2017. Disponível em: <http://www.cartaeducacao.com.br/ reportagens/sociedade-perde-ao-nao-discutir-genero-na-escola/>. Acesso em: 9 mai. 2017.

BIESTA, G. (2015). Friendly critiques and fellow travelers: what is education for? On good education, teacher judgement, and educational professionalism. European Journal of Education, v. 50, n. 1, pp. 75-87.

BRASIL. (2010). Guia de livros didáticos PNLD 2011: língua estrangeira moderna. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Disponível em: <https://www.slideshare.net/maurouchoa/guia-do-pnld-2011-lingua-estrangeira-anos-finais-do-ensino-fundamental>. Acesso em: 11 mai. 2017.

BRASIL. (2015). Edital de convocação 04/2015 – CGPLI. Edital de convocação para o processo de inscrição e avaliação de obras didáticas para o programa nacional do livro didático PNLD 2018. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-didatico-editais/item/7932-pnld-2018>. Acesso em: 27 jun. 2017.

BRASIL. (2017). Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Proposta preliminar. Terceira versão revista. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCCpublicacao.pdf>. Acesso em: 05 jul. 2017.

CANAGARAJAH, S. (2013). Translingual practice: global English and cosmopolitan relations. New York: Routledge.

CARREIRA, D.; et al. (2016). Gênero e educação: fortalecendo uma agenda para as políticas educacionais. São Paulo: Ação Educativa, Cladem, Ecos, Geledés, Fundação Carlos Chagas.

DENDRINOS, B. (1992). The EFL textbook and ideology. Athens, Greece: Grivas.

FOUCAULT, M. (1970). The order of things: an archeology of human sciences. New york: vintage Books.

FOUCAULT, M. (1972). The archeology of knowledge and the discourse on language. New york: Pantheon Books.

GROSFOGUEL, R. (2010). Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. In: SANTOS, B. S.; MENESES, M. P. (Org.). Epistemologias do sul. São Paulo: Cortez, pp. 455-491.

Headway online. Headway Upper Intermediate. Oxford University Press. Disponível em: <https://elt.oup.com/student/headway/upperintermediate/everydayenglish/ hwy_upp_dialogue04?cc=br&selLanguage=pt>. Acesso em: 08 mai. 2017.

AUTOR. (2016).

KUMARAVADIVELU, B. (2012). Individual identity, cultural globalization and teaching English as an international language: the case for an epistemic break. In: ALSAGOFF, L.; RENANDYA, W.; HU, G.; MCKAY, S. L. (Ed.). Teaching English as an international language: principles and practices. New York: Routledge, pp. 9-27.

KUMARAVADIVELU, B. (2014). The decolonial option in English language teaching: can the subaltern act? TESOL Quarterly, v. 50, n. 1, pp. 66-85.

LIBÂNEO, J. C. (2006). Sistema de ensino, escola, sala de aula: onde se produz a qualidade das aprendizagens? In: LOPES, A. C.; MACEDO, E. (Org.). Políticas de currículo em múltiplos contextos. São Paulo: Cortez Editora, pp. 70-125.

LOMBARDI, R. S.; SILVA, M. C. (2014). O PNLD língua estrangeira e a produção oral no LD de Inglês. Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 35, n. 1, pp. 25-40.

LOPES, A. C. (2004). Políticas curriculares: continuidade ou mudança de rumo. Revista Brasileira de Educação, v. 26, pp. 109-183.

LOPES, A. C. (2006). Discursos nas políticas de currículo. Currículo sem Fronteiras, v. 6, n. 2, pp. 33-52.

MIGNOLO, W. (2014). Educación y decolonialidad: aprender a desaprender para poder re-aprender – Un diálogo geopolítico-pedagógico con Walter Mignolo. Revista del IICE, n. 35, pp. 61-71. [Entrevista concedida a Facundo Giuliano e Daniel Berisso]. Disponível em: <http://revistascientificas.filo.uba.ar/index.php/iice/%20article/view/1961/1807>. Acesso em: 04 jul. 2017.

MOITA LOPES, L. P. da. (2002). Identidades fragmentadas: a construção discursiva de raça, gênero e sexualidade em sala de aula. Campinas, SP: Mercado de Letras.

PENNYCOOK, A. (2007). The myth of English as an international language. In: MAKONI, Sinfree; PENNYCOOK, Alastair. (Ed.). Disinventing and reconstituting languages. Clevedon: Multilingual Matters, pp. 90-115.

AUTOR (2009).

AUTOR (2014).

PHILLIPSON, R. (2012, March 13). Linguistic imperialism alive and kicking. Guardian Weekly. Disponível em: <https://www.theguardian.com/education/2012/ mar/13/linguistic-imperialism-english-language-teaching>. Acesso em: 05 jul. 2017.

RAJAGOPALAN, K. (2011). A norma linguística do ponto de vista da política linguística. In: LAGARES, Xoán C.; BAGNO, Marcos. (Org.). Políticas da norma e conflitos linguísticos. São Paulo: Parábola Editorial, pp. 121-128.

RAJAGOPALAN, K. (2013). O ensino de línguas como parte da macro-política linguística. In: GERHARDT, A. F. L. M.; AMORIM, M. A. de.; CARVALHO, A. M. (Org.). Linguística aplicada e ensino: língua e literatura. Campinas: Pontes/ALAB, pp. 47-73.

SIQUEIRA, S. (2010). O papel do professor na desconstrução do “mundo plástico” do livro didático de LE. In: ASSIS-PETERSON, A. A. de; BARROS, S. M. (Org.). Formação crítica de professores de línguas: desejos e possibilidades. São Carlos, SP: Pedro & João Editores, pp. 225-253.

SZUNDY P. T. C.; et al. (2016). Nota de Repúdio à MP 746. Disponível em: https://alab.org.br/blog/2016/10/05/nota-de-repudio-a-mp-746/>. Acesso em: 08 mai. 2017.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2019 Trabalhos em Linguística Aplicada

Downloads

Não há dados estatísticos.