Banner Portal
Fundamentos éticos da esfera discursiva da imprensa no Brasil: um jogo de epígrafes e memórias
Remoto (Português (Brasil))

Palabras clave

Memória. Ética. Dialogismo

Cómo citar

MAGALHÃES, Anderson Salvaterra. Fundamentos éticos da esfera discursiva da imprensa no Brasil: um jogo de epígrafes e memórias. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 50, n. 1, p. 27–43, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8645337. Acesso em: 17 jul. 2024.

Resumen

Neste artigo, discutem-se as epígrafes dos dois primeiros periódicos a circularem no Brasil como metonímias da postura ética assumida por cada projeto discursivo editorial. De um ponto de vista dialógico bakhtiniano de linguagem, distinguem-se memória subjetiva e memória objetiva e identifica-se, no jogo de epígrafes, um processo interacional a partir do resgate de diferentes memórias objetivas. O diálogo entre instituições atualizado pelas epígrafes revela a tensão ética e discursiva fundadora da esfera da imprensa brasileira e contribui para a construção de possibilidades identitárias nacionais. As memórias recuperadas pela Gazeta do Rio de Janeiro, jornal áulico, sustentam uma organização interacional orientada por um senso de individualidade que alimenta hierarquia entre sujeitos e opera com o princípio de exclusão no fundamento de identidades sociais. Diferentemente, a memória recuperada pelo Correio Braziliense, jornal independente, opera com um senso de coletividade que problematiza a noção de povo, traz para discussão o caráter de brasilidade e, assim, sustenta o princípio de participação na construção identitária nacional. Este trabalho contribui para o amadurecimento teórico-metodológico de pesquisas sócio-históricas porque demonstra, a partir do conceito de memória do objeto, como a pesquisa que lida com a historicidade do objeto é orientada também pelo que o objeto diz do fenômeno investigado

Abstract:

In this paper, the epigraphs of the first two periodicals circulating in Brazil are discussed as metonymies of the ethical posture taken by each editorial discursive project. From a Bakhtinian dialogic point of view of language, subjective and objective memories are distinguished and, in the game of epigraphs, an interactional process is identified by recovering of different objective memories. The dialogue between institutions actualized by the epigraphs reveals the ethical and discursive tension which founds the Brazilian press sphere and contributes to the construction of national identity possibilities. The memories recovered in Gazeta do Rio de Janeiro, a courtly newspaper, sustain an interactional organization oriented by a sense of individuality which feeds hierarchy among subjects and deals with the principle of exclusion in the fundament of social identities. In a different way, the memory recovered in Correio Braziliense, an independent newspaper, deals with a sense of collectiveness which problematizes the notion of people, brings into discussion the character of Brazilian identity and sustains the principle of participation in the construction of national identity. This paper contributes to the theoretical and methodological maturing of sociohistorical researches because it demonstrates, by means of the concept of memory of the object, how the research which deals with the historicity of the object is also oriented by what the object says about the phenomenon investigated.

Keywords: memory; ethics; dialogism

Remoto (Português (Brasil))

Citas

AMORIM, M. (2006) Cronotopo e exotopia. In: BRAIT, B. (org.) Bakhtin: outros conceitos-chave. São Paulo: Contexto.

_____. (2009) Memória do objeto – uma transposição bakhtiniana e algumas questões para a educação.

Bakhtiniana: Revista de Estudos do Discurso. v. 1, n. 1, p. 8-22, 1º sem.

BAKHTIN, M.. (1963). Problemas da poética de Dostoievski. Trad. Paulo Bezerra. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.

_____. (1975a). O problema do conteúdo, do material e da forma na crítica literária. In: _____. Questões de Literatura e de Estética – a teoria do romance (trad. Aurora Fornoni Bernadini et al.). 5. ed. São Paulo: Editora UNESP, 2002, p. 13-70.

_____. (1975b). Formas de tempo e de cronotopo no romance (ensaios de poética histórica). In: _____. Questões de literatura e estética – a teoria do romance. Trad. Aurora Fornoni Bernardini et al. 5. ed. São Paulo: Hucitec, 2002, p. 211-362.

_____. (1979a). O autor e a personagem na atividade estética. In: _____. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 3-194.

_____. (1979b). Apontamentos de 1970-1971. In: _____. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. 4. ed.

São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 359-366.

_____. (1979c). Os estudos literários hoje. In: _____. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 367-392.

_____. (1997). Autor y héroe en la actividad estética. In : _____. Hacia una filosofía del acto ético. De los borradores y otros escritos. Trad. Tatiana Bubnova. Rubi (Barcelona): Anthropos; San Juan: Universidad de Puerto Rico, p. 82-105.

BRAIT, B. (2009) A palavra mandioca do verbal ao verbo-visual. Bakhtiniana: Revista de Estudos do Discurso.

v. 1, n. 1, p. 142-160, 1º sem.

CAMÕES, L. de. (1957) Os Lusíadas. Porto: Livraria Figueirinhas.

CAMPOS, M. I. B. (2007) Imágenes del trabajador rural: diferentes espacios culturales. In: VIII eme Congrès de L’AISV-IAVS - Cultures du visible, 2007, Istambul. SEMIO 07. Istambul : Baski:es yayinlari Dijital Baski Tesisleri, v. 2. p. 429-439.

CORREIO BRAZILIENSE. (1808) Londres: W. Lewis, Paternoster.Row, jul.

DUFOUR, D-R. (2003) L’Art de réduire les têtes – sur la nouvelle servitude de l’homme liberé à l’ère du capitalisme total. Paris : Denoël.

FIORIN, J. L. (2009) A construção da identidade nacional brasileira. Bakhtiniana: Revista de Estudos do Discurso. v. 1, n. 1, p. 115-126, 1º sem.

GAZETA DO RIO DE JANEIRO. (1808a) Rio de Janeiro: Impressão Regia, 10 set.

_____. (1808b) Rio de Janeiro: Impressão Regia, 17 set.

_____. (1822) Rio de Janeiro: Impressão Regia, 12 out.

HORACE. (1923) Ode et epodes. Tome II. Paris: Librairie Hachette.

MARTINS, A. L.; LUCA, T. G. (org.) (2008) História da imprensa no Brasil. São Paulo: Contexto.

MOISÉS, C. F. (1997) Apresentação. In: _____. Luís de Camões. Os lusíadas. São Paulo: Ática.

MOISÉS, M. (1928) Epígrafe. In: _____. Dicionário de termos literários. 12. ed. São Paulo: Cultrix, 2004, p.

NAZARIO, H. S. (1980) O jogo das epígrafes. In: PÚCHKIN, A. S. A filha do capitão. Trad. Helena Nazario.

São Paulo: Perspectiva, p. 135-177.

PARATORE, E. (1987) História da literatura latina. Trad. Manuel Losa, S. J. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

RAMOS, P. E. da S. (1982) IV Bucólica. Nota introdutória. In: VIRGÍLIO. Bucólicas. Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos. São Paulo: Melhoramentos, p. 74-75.

SODRÉ, N. W. (1999) História da imprensa no Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Mauad.

VIRGÍLIO. (1982) Bucólicas. Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos. São Paulo: Melhoramentos.

O periódico Trabalhos em Linguística Aplicada utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto, em que:

  • A publicação se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores;
  • Os originais não serão devolvidos aos autores;
  • Os autores mantêm os direitos totais sobre seus trabalhos publicados na Trabalhos de Linguística Aplicada, ficando sua reimpressão total ou parcial, depósito ou republicação sujeita à indicação de primeira publicação na revista, por meio da licença CC-BY;
  • Deve ser consignada a fonte de publicação original;
  • As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.