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O engajamento em movimentos sociais e a luta por justiça
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Palavras-chave

Análise de Narrativa
Grief
Resistência

Como Citar

ARAÚJO, Etyelle Pinheiro de; BIAR, Liana de Andrade; BASTOS, Liliana Cabral. O engajamento em movimentos sociais e a luta por justiça: um estudo sobre as narrativas de mães negras. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 59, n. 3, p. 1688–1709, 2020. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8661204. Acesso em: 26 abr. 2024.

Resumo

O artigo se debruça sobre práticas narrativas de um movimento social formado por mães e outros familiares de jovens vítimas de incursões policiais em favelas do Rio de Janeiro. A partir da análise das narrativas de seus membros, a pesquisa tem como objetivo compreender como se dá a transformação do luto em luta, isto é, examinar como as mães articulam sofrimento pessoal e ativismo político, o que inclui a análise de: i) como emoções e sofrimento são organizados nas narrativas dessas mulheres; ii) que mecanismos discursivos são utilizados nessa articulação. Os dados foram gerados em protestos públicos e a análise sugere que é transformando a dor da perda de um filho em revolta que as mães organizam narrativamente suas emoções. Tal organização se dá por meio da racionalização dos eventos que compõem o cenário do assassinato; e da coletivização da experiência. Com esses movimentos discursivos, as histórias das mães se configuram em narrativas de resistência ao racismo institucional e também de reexistência (SOUZA, 2009), na medida em que redescrevem a morte de seus filhos como parte da lógica de atuação necropolítica do Estado.

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