Banner Portal
Ideologias linguísticas e construções de subjetividades em materiais didáticos de língua inglesa
PDF

Palavras-chave

Ideologia
Ideologia Linguística
Livro didático
Diversidade
Refugiado

Como Citar

CRUZ, Leonardo Dias. Ideologias linguísticas e construções de subjetividades em materiais didáticos de língua inglesa: um caso sobre refugiados. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 61, n. 1, p. 236–250, 2022. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8665704. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

É impossível pensar a história de ensino de línguas estrangeiras sem refletir sobre os livros didáticos (doravante, LDs). Os LDs assumiram um papel tão  significativo no âmbito do ensino de línguas que sua presença no processo educacional se torna frequentemente imperativa – ou pelo menos esperada e incentivada. Apesar de ser teoricamente um possível instrumento de democratização do acesso à língua estrangeira, o LD muitas vezes pode homogeneizar práticas de ensino e aprendizagem, apagando as subjetividades do alunado e oferecendo uma visão pasteurizada do mundo social. Considerando esse contexto, o presente trabalho objetiva investigar as ideologias linguísticas que orientam a construção da categoria social identificada como “refugiados” na coleção Raise Up!, caracterizada como uma coletânea de livros didáticos em prol da diversidade. A partir do construto teórico-analítico de ideologias linguísticas (WOORLARD, 1998; KROSKRITY, 2004) e dos processos semióticos de iconização, recursividade fractal e apagamento (IRVINE; GAL, 2000), entende-se que, na concepção teórica da coleção, o conceito de língua aponta para discursos de transformação da realidade social; no entanto, as atividades propostas ao longo de lições voltadas para alunos de nível intermediário ainda remontam à perspectiva de inglês como um sistema de signos hermeticamente fechado. Como consequência, a subjetividade em questão é arquitetada com base em uma “limpeza” de traços linguísticos, políticos e sociais, sinalizando uma ideologia linguística estruturalista, “purista” e alinhada ao pensamento moderno.

PDF

Referências

Agência da ONU para refugiados (ACNUR). (2020). Refugiados. Brasil. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/quem-ajudamos/refugiados/. Acesso em: 15 de dez. de 2020.

AUSTIN, J. L. (1990). Quando dizer é fazer. Trad. Danilo Marcondes de Souza Filho. Porto Alegre: Artes Médica.

BARCELOS, S.; SCHLUDE, V. (2018). Materiais didáticos para o ensino de língua inglesa no projeto CLAC. In: TILIO, R.; BEATO-CANATO, A. P. M. (org.) Formação inicial de professores de línguas: experiências em um projeto de extensão universitária. Campinas: Pontes Editorial, p. 75 – 97.

BLOMMAERT, J. (2005). Discourse. Cambridge: Cambridge University Press.

BRAIT, B. (2018). Análise e teoria do Discurso. In: BRAIT, B. (Org.) Bakhtin: outros conceitos-chave. São Paulo, Contexto, p. 9-32.

CARNEIRO, A. S. R. (2015). Conflicts around the (de)construction of legitimate languages. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). Global Portuguese. Linguistic ideologies in late modernity. Nova York: Routledge.

Common European Framework of Reference for Languages: Learning, teaching, assessment. (2001). Cambridge: Cambridge University Press. Disponível em: https://rm.coe.int/1680459f97. Acesso em: 13 de dez. de 2020.

EAGLETON, T. (1997). Ideologia: uma introdução. São Paulo: Boitempo Editorial.

FOUCAULT, M. (1979). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal.

GEE, J. P. (2000). The New Literacy Studies: From “Socially Situated” to the Work of the Social. In: Barton, D; Hamilton, M.; Ivanic, R. (eds). Situated Literacies: Reading and Writing in Context. London: Routledge, p. 180-196.

KROSKRITY, P. V. (2004). Language ideologies. In: Duranti, A. (ed.). A Companion to Linguistic Anthropology. Blackwell Publishing, p. 496-517.

IRVINE, J.T.; GAL, S. (2000). Language ideology and linguistic differentiation. In: KROSKRITY, P. (Org.). Regimes of language, ideologies, politics and identities. Santa Fe: School of American Research Press, p. 35-83.

LAGERCRANTZ, D. (2017). O homem que buscava sua sombra. São Paulo: Companhia das Letras.

LIVIA, A; HALL, K. (2010). “É uma menina!”: a volta da performatividade à linguística. In: OSTERMANN, A. C.; FONTANA, B. (eds.), Linguagem, gênero, sexualidade: clássicos traduzidos. São Paulo: Parábola Editorial, p. 109-127.

MARTINS, H. (2001) Sobre a estabilidade do significado em Wittgenstein. Veredas, Revista de Estudos Linguísticos, Juiz de Fora, v. 4, n. 2, p. 19-42.

MEDVIÉDEV, P. N. (1928). O método formal nos estudos literários: introdução crítica a uma poética sociológica. Tradução de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Contexto, 2016.

MIOTELLO, V. (2005). Ideologia. In: BRAIT, B. Bakhtin: conceitos-chave. São Paulo: Contexto, 2005, p. 167-176.

MOITA LOPES, L. P. (2013). Ideology in research methodology. In: CHAPELLE, C. A. (ed.), The encyclopedia of applied linguistics, Nova York: Wiley Blackwell, p. 1-6.

MOITA LOPES, L. P.; FABRÍCIO, B. F. (2018). Viagem textual pelo sul global: ideologias linguísticas queer e metapragmáticas translocais. Linguagem em (Dis)Curso (Online), v. 18, 2018, p. 769-784.

SZUNDY, P. T. C. (no prelo). Conflicting Language Ideologies About What Counts as “English” in the Brazilian National Common Core Curriculum: Arenas for Permanences and Disruptions. In: RUBDY, R.; TUPAS, R. (Org.). Bloomsburry World Englishes.

TAYLOR, J. M.; COIMBRA, I. (2019). Raise up! - A diverse and inclusive view of English. TaylorMade English.

TÍLIO, R. (2016). Guia didático. In: Voices Plus 1: Manual do professor. São Paulo: Richmond, p. 193 – 240.

VOLÓCHINOV, V. (1929). Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Editora 34, 2017.

WOOLARD, K. A. (1998). Introduction. In: SCHIEFFELIN, BAMBI B., WOOLARD, K. A. & KROSKRITY, PAUL V. (eds.). Language ideologies practice and theory. Oxford: Oxford University Press, p. 3-47.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2022 Trabalhos em Linguística Aplicada

Downloads

Não há dados estatísticos.